A Polícia Federal prendeu ontem (17) Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no aeroporto de Guarulhos. Ele tentou deixar o país em um avião particular com destino a Malta, na Europa, e foi detido no âmbito de uma operação que apura a venda de títulos de crédito falsos, de acordo com informações do G1.
Segundo a investigação, o banco emitia CDBs com promessa de retorno de até 40% acima da taxa básica do mercado, rendimento considerado irreal. A PF afirma que o esquema pode ter movimentado R$ 12 bilhões. O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um investimento de renda fixa no qual o cliente empresta dinheiro a um banco e recebe juros — com rentabilidade pré-fixada ou pós-fixada, atrelada a indicadores como o CDI.
A operação Compliance Zero cumpriu seis dos sete mandados de prisão e incluiu 25 mandados de busca e apreensão em Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Quatro diretores do Banco Master foram presos. Após a detenção, Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. A defesa e a assessoria do banco não se manifestaram.
Tentativa de aquisição
A prisão ocorreu horas depois de o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master — pouco mais de um mês após o Banco Central rejeitar proposta de aquisição feita pelo BRB (Banco de Brasília). Nesta terça-feira, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores, o que interrompe automaticamente qualquer negociação de compra.
O negócio com o grupo Fictor previa participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e incluía aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforço de caixa do Master. A transação ainda dependeria de aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A PF antecipou a prisão de Vorcaro diante da suspeita de fuga. De acordo com os investigadores, ele estava no banco na tarde de segunda-feira e, após o anúncio da venda, deixou o local de helicóptero até o aeroporto de Guarulhos, onde embarcaria em um avião particular rumo a Malta. Para a PF, não há dúvidas de que a tentativa de saída do país estava relacionada à repercussão da venda do Master.
As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para apurar suposta fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada. São apurados crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.
Investimentos no setor hoteleiro
Em 2023, A Gafisa confirmou, por meio de fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a venda de sua fatia de 80% no Fasano Itaim, na capital paulista. A transação, que inclui a operação do hotel e do restaurante do complexo, chegou a R$ 330 milhões. Vale destacar que a incorporadora havia comprado essa mesma participação do empreendimento de luxo, desenvolvido pela Even, por R$ 310 milhões dois anos antes.
Inicialmente, a Gafisa não informou o nome do comprador. Contudo, a incorporadora revelou que a transação foi fechada com a Albali, fundo de investimento multimercado que investe em crédito privado com R$ 371 milhões de patrimônio, informa o Pipeline.
Ainda assim, no mercado imobiliário, ficou a dúvida sobre quem era o real comprador, visto que o Albali tinha um único cotista pessoa física definido como perfil de private banking. Segundo a reportagem do Pipeline, assinada por Maria Luíza Filgueiras, outros investimentos do fundo incluem cotas do MAM Munique, MAM Berlim, MAM Renda Fixa Soberana e MAM Texas, bem como cotas do FIP Sharks e FII Azurita, todos administrados pela Trustee, antiga Planner.
MAM e Trustee fazem parte do grupo Master (antigo banco Máxima), hoje de Daniel Vorcaro. Entretanto, a aquisição do empreendimento de uso misto não é o primeiro investimento do executivo no segmento hoteleiro.
Segundo informado pelo Pipeline, o banqueiro é também investidor do Botanique Hotel & Spa, em Campos do Jordão.
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