O setor hoteleiro brasileiro apresentou resultados positivos em 2023, mantendo a tendência de crescimento iniciada em 2022. De acordo com a pesquisa Hotelaria em Números 2024, conduzida pela JLL em parceria com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) e a Resorts Brasil, a taxa média de ocupação dos hotéis no país foi de 60,8%, superando os níveis pré-pandêmicos. Além disso, a diária média aumentou para R$ 390,80, um crescimento de quase 35% em comparação ao ano anterior, resultando em um aumento de quase 40% no RevPar.

Apesar desses resultados animadores, o crescimento do RevPar não se traduziu em um aumento proporcional na lucratividade operacional. Em 2023, o GOP (Lucro Operacional Bruto) médio foi de 37% da Receita Total, um ligeiro avanço em relação ao ano anterior. Esse avanço modesto foi influenciado por fatores como inflação e o incremento da folha de pagamento, que impactaram a rentabilidade do setor.

“Os hotéis, em todo o mundo, enfrentaram desafios adicionais devido à falta de interesse da mão de obra em ingressar no segmento, levando a alta rotatividade e à necessidade de contratar funcionários adicionais temporários a custos mais elevados”, comenta Ricardo Mader, diretor de Consultoria e Avaliação da JLL.

Desafios com a folha de pagamento e despesas operacionais

Os hotéis urbanos, em particular, sentiram os efeitos do aumento dos custos com salários e encargos. Em 2023, houve um crescimento de 1,4 pontos percentuais nas despesas com hospedagem e de 2 p.p. em Alimentos e Bebidas em relação ao ano anterior. Já os flats enfrentaram um cenário ainda mais desafiador, com um aumento de 3,8 p.p. nas despesas com esses mesmos itens.

Em contrapartida, a pesquisa da JLL informa que os resorts tiveram um desempenho mais positivo, com uma taxa de ocupação de 60,7%, a mais alta desde 2010, e um crescimento de 10% na Receita Total por Apartamento Ocupado. Além disso, o GOP do segmento subiu para 30%, refletindo uma melhora no controle de custos e um aumento nas receitas.

Perspectivas de crescimento e desafios futuros

Para 2024, as previsões indicam a continuidade do aumento do RevPar, impulsionado por uma combinação de crescimento moderado na oferta de novos hotéis e uma forte demanda. No entanto, o cenário econômico global, marcado pela inflação e pelo aumento das taxas de juros, continua a afetar o financiamento de novos projetos, resultando em um desenvolvimento mais lento da indústria hoteleira.

“Em vista desse cenário, apesar da previsão ser de aumento das receitas, a manutenção das margens de resultado dependerá de um controle rigoroso dos custos por parte dos gestores hoteleiros”, pontua Mader.

(*) Crédito da foto: Freepik