O hotel de luxo Modevie, em Gramado (RS), segue sem comprador após três tentativas de leilão. Localizado a poucos metros da Rua Coberta, no centro da cidade, o empreendimento foi avaliado em R$ 132,6 milhões, mas não recebeu nenhuma oferta, segundo o portal ACB Mais.
A primeira praça, realizada em 7 de agosto pela empresa André Soares Menegat Leiloeiro Oficial, ocorreu pelo valor integral de avaliação. Em 18 de agosto, uma nova rodada estipulou lance mínimo de R$ 66,3 milhões. A terceira tentativa, no dia 26, dispensava valor mínimo, apenas sugeria montante de R$ 40 milhões, mas também não atraiu interessados.
O processo considera o terreno de 1,03 mil metros quadrados (m²), a edificação com 16 apartamentos, além de mobiliário, equipamentos e a marca Modevie. O hotel ocupa a esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Rua Augusto Zatti, na mesma quadra da Rua Coberta.
O advogado Nestor Samrsla, da MRS Administração Judicial, responsável pela condução da falência, afirmou que o leiloeiro já solicitou novas datas à Justiça. “Como a tentativa do leilão não obteve sucesso, vamos analisar outras formas de alienação. Precisamos pensar em caminhos alternativos, porque a intenção é gerar valores no caixa para pagar os credores”, explicou.
Segundo Samrsla, a análise deve indicar apoio a uma nova rodada. “O processo de um leilão é considerado mais isonômico. Entretanto, a lei de falência prevê outras modalidades, como uma alienação direta, por exemplo.”
Dívidas e arrecadação de ativos
O objetivo é levantar recursos para quitar dívidas do grupo Modevie, atualmente em R$ 63,1 milhões, sem contar débitos tributários com a prefeitura e a União ainda não contabilizados.
O processo envolve as empresas L’atelier Operações Hoteleiras Ltda, JRC Hotéis e Turismo Ltda e Modevie Boutique Residence Ltda. Além do hotel, o grupo também possuía o Le Residence, empreendimento voltado a locação por temporada.
De acordo com Samrsla, já foi solicitado à Justiça o bloqueio e a arrecadação desse bem, após apuração de desvio de finalidade. “Nós pedimos o bloqueio, porque foi apurado que houve desvio de finalidade, mas para que, de fato, possa ir à venda, aguardamos a apreciação judicial da questão”, completou.
O advogado ainda destacou a relevância do ativo. “Não conseguimos estipular os motivos do leilão não ter tido lances, mas esse é um ativo que está no coração de Gramado. A venda do hotel vai ser importante, demonstrando que há interesse pela economia local e da região.”
O Modevie foi lacrado em março deste ano e teve seus bens arrecadados pelo Tribunal de Justiça após decreto de falência.
(*) Crédito da foto: Mônica Pereira/GES-ESPECIAL
