cnc icfMaior insatisfação é no consumo de Bens Duráveis

A intenção de gastos das famílias brasileiras é crescente e deverá permanecer em ascensão até o fim do ano. O ICF (Intenção de Consumo das Famílias) de setembro, divulgado nesta quinta-feira (19) pela CNC (Confederação  Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) teve a segunda alta consecutiva em 2019 (+0,3%). Resultado anima mercado após longo período de queda do indicador, que durou de março a julho.

O ICF chegou a 92,5 pontos com a nova alta, alcançando sua melhor pontuação desde maio. O recorde do ano foi aferido em fevereiro: 98,5 pontos. Diante do potencial de consumo verificado com o estudo, a CNC espera que haja um incremento gradual das vendas comerciais até dezembro. “As famílias continuam se mostrando mais dispostas a consumir, impulsionadas, sobretudo, pela estabilidade dos preços e pela possibilidade de abater dívidas, obtendo descontos ao utilizar os recursos do FGTS/PIS/Pasep”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.

“Esse otimismo tem relação direta com a recuperação da economia”, acrescenta. A entidade estima que o dinheiro do FGTS e do PIS/Pasep gere R$ 7,4 bilhões em vendas para o varejo, elevando o consumo das famílias no PIB. 

Os dois indicadores que apresentaram a maior alta no mês foram "Compras a Prazo" (+2,2%) e "Perspectiva de Consumo" (+1,1%). Segundo Antonio Everton Junior, economista da CNC, os dados reforçam a expectativa de aumento do consumo e das vendas do comércio. Especificamente em relação ao resultado do “Compras a Prazo”, o economista aponta que as famílias podem considerar tomar algum tipo de empréstimo para compras. “As pessoas entenderam que o acesso ao crédito está mais fácil”, afirma Junior.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as famílias enxergam, em 2019, uma maior expectativa de consumo (33% contra 27,6%). A maioria delas (39,7%), entretanto, ainda não vê oportunidade para aumento no volume de compras esse ano . Em setembro de 2018, o percentual era de 42,5%.

CNC: outros dados

Já a principal variação negativa do ICF de setembro deveu-se ao subíndice “Renda Atual” (-0,6%). A pesquisa também retrata insatisfação das famílias em quatro quesitos abaixo de 100 pontos. Momento para Duráveis (64,2 pontos), mesmo tendo variado positivamente (+0,2%), continua como o menor subindicador na escala do ICF. O que evidencia a principal insatisfação das famílias: o desejo de aquisição destes tipos de bens.

Outros três estão acima desta marca, indicando, portanto, satisfação. O maior grau de satisfação é o de Emprego Atual (116,6 pontos), que demonstra a confiança relativa das famílias em relação à estabilidade no trabalho. Principalmente observando a baixa criação de vagas de emprego. 

Mesmo com a possibilidade de tendência positiva para as intenções de consumo até dezembro, o ICF completou 49 meses abaixo de 100 pontos. O indicador está em uma zona considerada de insatisfação desde abril de 2015, quando chegou a 102,9 pontos.

(*) Crédito da capa: Becca McHaffie/Unsplash

(**) Crédito da foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas