Cecere e Caetano fundaram a R1 há quase 14 anos
Se você participou de algum evento em um dos hotéis de alto padrão em São Paulo, certamente já esbarrou com a sigla R1. Há quase 14 anos, a marca participa dos bastidores dos principais workshops e conferências realizados no país, fornecendo equipamentos e mão de obra em áudio e vídeo. Vivendo o melhor momento de sua trajetória, a R1 Soluções Audiovisuais conta atualmente com 230 colaboradores fixos, tem postos de atendimento em mais de 35 hotéis pelo Brasil e participa da concepção de 1,2 mil congressos por ano.
Centros de convenções de empreendimentos como os dos grupo Royal Palm, Tivoli Mofarrej, Hilton Morumbi e Pullman Vila Olímpia, estão na carteira de clientes da empresa. Em todos eles, o aparato tecnológico, oferecido e manuseado pela R1, aparece como trunfo na oferta. Ocorre que nem sempre foi assim.
"Desenvolvia sites e, por acaso, caí nesse segmento. Um dia, num insight, percebi a oportunidade de locar equipamentos para os locais onde esses eventos eram realizados. Entretanto, não tínhamos máquina ou capital algum", lembra Raffaele Cecere, diretor Comercial e fundador da organização ao lado de Rodrigo Caetano, atual diretor de Operações. Na base do bom relacionamento, os primeiros contratos foram alcançados e a verba angariada revertida em projetores, captadores de som e demais máquinas necessárias.
A jornada pessoal do executivo, inclusive, mistura-se com a aparição e o progresso da empresa. Os primeiros passos da R1 foram quase que empurrados por uma notícia inesperada. "Minha namorada estava grávida. Percebi, então, que precisava dar um passo adiante na vida", revela Cecere. O êxito no negócio próprio, no entanto, não veio de maneira imediata.
Do primeiro cliente, um dos grandes bancos do Brasil, à lista de fregueses atuais, alguns percalços quase nocautearam a companhia. Na lista de tombos estão algumas parcerias malsucedidas e contratos com termos equivocados. Os insucessos, no entanto, foram tomados como lição do que não fazer – e deram a direção de onde e quando apostar.
Os hotéis, locais onde eram realizados a maioria dos eventos apoiados, apareceram como caminho natural e oportunidade para colocar uma filosofia institucional em prática. "Nossa estratégia foi sair da commodity e apostar na experiência", explica Cecere. O raciocínio do empresário vaga pela seguinte trilha: para ele, se o mesmo produto é vendido por preços diferentes conforme o lugar, vale a pena observar o entorno e a vivência que aqueles conjuntos oferecem. A experiência – boa ou má – está nessa junção e não apenas no produto em si. Trocando em miúdos, no cenário dos eventos em meios de hospedagem, era necessário pensar na qualidade e nos detalhes em detrimento do número de conferências.
Para que esse modo de pensar ganhasse autenticidade, no entanto, fatores como melhora no atendimento e nos produtos passaram a ter papel crucial. Para além disso, a sintonia entre os prestadores de serviço seria fundamental. E, em virtude desses parâmetros, o posicionamento da R1 foi construído, aproximando-se de hotéis com boa estrutura e colocando-se à disposição como empresa parceira.
Sócios dividem-se entre o comercial e operacional
R1 e hotelaria: "Tamo junto"
A tática de trabalhar em conjunto com hotéis mais aparelhados foi precisa. As unidades com maior estrutura são responsáveis por ditar o ritmo da evolução nesse mercado. São os estabelecimentos de alto padrão, até pela receita que movimentam, os espaços para introdução de novas tecnologias e de disseminação de tendências. "São empreendimentos posicionados como referência e é assim pelo porte dos congressos que recebem e pelo poder aquisitivo que reúnem", opina Cecere.
Nessas unidades, os equipamentos mais novos e que podem modificar a atividade entram em circulação. São neles também que as principais tendências ganham cartaz e reverberação. "O que tem mais força hoje é o aperfeiçoamento do que já existe, e não algo revolucionário. Se tivesse que apontar o que está em voga diria que são os aparelhos de projeção, a inclusão da realidade virtual e as diversas telas em LED", enumera Cecere. "É bom frisar que não somos criadores, mas usuários da tecnologia. O que fazemos é identificar o que pode ser interessante e utilizar", complementa.
O universo dos grande hotéis, contudo, não representa a maior fatia da carteira nacional de clientes da R1. Empreendimentos mais modestos também recebem seus eventos e precisam deles para melhorar o faturamento. Para esse perfil de público, que tem menor poder de investimento, o diretor articula a decisão que pode ser interessante. "O indicado é pegar a essência daquilo que está sendo feito em grandes hotéis e adaptar. Ter equipamentos bons, compatíveis com sua estrutura, e encaixar com um bom serviço prestado", aconselha.
Muito além do estilo ou da capacidade de investimento, os meios de hospedagem que atuam com a R1 lidam com um jargão dos dias atuais: o "Tamo junto". Segundo o diretor Comercial, compartilhar tanto dores, como êxitos, é a chave para ter tanta entrada no setor hoteleiro. "Entendemos que se não estivermos juntos fica impossível entender o que clientes e parceiros precisam ou querem. É parte do nosso jeito de trabalhar saber as necessidades, o que dói ou não", revela.
Essa aproximação fica ainda mais evidente com a presença de representantes da organização em eventos do trade e associações. O próprio Cecere participa de reuniões e é membro da Alagev (Associação Latino Americana de Gestores de Viagens e Eventos Corporativas) e do Visite São Paulo. "Se você não participa desses grupos fica fora do que o mercado quer. Estar junto é ouvir".
Equipe tem 230 colaboradores, 38 no comercial
Workshop e equipe
No mais recente esforço de aproximação com clientes, a R1 realizou, em junho, seu Workshop de Inovação e Tecnologia. Na ocasião, recebeu cerca de 400 profissionais para mostrar o que há de mais novo nesse segmento. Avaliado como positivo, o encontro deve voltar a acontecer no ano que vem, com formato parecido, em um dos empreendimentos parceiros.
A ocasião também serve como símbolo da evolução da empresa, que tem a própria sede como maior símbolo de crescimento. "Chamavam-nos de uma empresa de fundo de quintal, e éramos mesmo. A primeira sede foi assim, mas isso mudou e o workshop apresentou isso", comenta Cecere. Hoje, um imóvel na região da Saúde, em São Paulo, abriga boa parte da equipe, que tem mais de 200 pessoas. Na sede principal ficam os 38 funcionários do setor de vendas, o time administrativo e o estoque de equipamentos.
"Procuramos promover a cultura da evolução para os nossos funcionários, porque eles são a parte fundamental no que fazermos", cita Cecere. A cultura citada por ele consiste na formulação de ações de capacitação interna, preparando os colaboradores tanto para novas tecnologias em eventos, como em vendas.
Sobre os planos e intenções da R1, os líderes não colocam metas fechadas. "Onde queremos chegar? No máximo de hotéis que tenham nosso perfil dentro do Brasil. Quanto tempo isso vai demandar? Não sei. Mas queremos chegar", finaliza
(*) Crédito das fotos: Filip Calixto/Hotelier News