Com o fim da COP30, encerrada na última sexta-feira (21), a hotelaria de Belém faz o seu primeiro balanço do evento. Após muitas crises que precederam a Conferência da ONU, críticas aos preços pratidados pelos hotéis e a falta de leitos disponíveis, a taxa de ocupação ficou abaixo do esperado pela ABIH-PA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará).
Segundo informado pelo GLOBO, o indicador ficou em 83% no balanço final da COP30. A expectativa da entidade era de atingir a marca de 95%, percentual que foi anunciado nos primeiros dias de evento, mas como as reservas não se concretizaram, a taxa de ocupação baixou consideravelmente.
Mesmo com o indicador abaixo do projetado, o setor reportou aumento significativo de receita. “O faturamento compensou a taxa abaixo do esperado”, afirmou Antonio Santiago, presidente da ABIH-PA. “Mas o balanço geral foi muito positivo para a hotelaria de Belém. Sem falar para a cidade que ganhou muito com o evento.”
A problemática da oferta
No início do ano, Belém contava com cerca de 25 mil leitos, enquanto a demanda estimada pela ONU era de 50 mil. Para ampliar a capacidade, foram construídos novos empreendimentos e contratados transatlânticos para operar como hotelaria marítima. Santiago, porém, questionou as projeções iniciais. Segundo ele, houve “no máximo” 25 mil participantes, incluindo chefes de Estado, delegados e comitivas, além de 15 mil profissionais entre jornalistas, voluntários e ativistas. “Os números da ONU estavam totalmente otimistas”, disse o presidente da ABIH-PA.
Ainda no início do ano, durante o processo de expansão da oferta hoteleira, os preços de hospedagem subiram de forma expressiva, gerando repercussão internacional após reclamações de delegações estrangeiras. Em agosto, levantamento do GLOBO em sites especializados mostrou que a estadia em um hotel três estrelas na capital paraense chegou a custar quase o dobro do valor cobrado pelo Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
Entre 10 e 21 de novembro, o preço de hospedagem em quartos simples em Belém variou entre R$ 28,7 mil e R$ 85 mil, com diária média de R$ 7.431,77, além de taxas e impostos. No mesmo período, a permanência no Copacabana Palace partia de R$ 47 mil, valor 80,5% menor que o teto praticado por alguns estabelecimentos na sede da COP30.
Em setembro, o secretário-executivo da UNFCCC (Convenção do Clima da ONU), Simon Stiell, recomendou oficialmente que as agências da organização reduzissem o tamanho de suas delegações. A notificação, disponível no portal da UNFCCC, propôs ampliar a participação virtual. Com a aproximação da COP30 e a ampliação da oferta, muitos hotéis em Belém reduziram seus preços.
Hotel símbolo da crise não atingiu ocupação máxima
Após dois dias de conferência, o hotel que ganhou notoriedade por alterar o nome e elevar em 8000% o valor da diária ainda tinha quartos disponíveis e revisou suas tarifas. Em agosto, o chamado Hotel COP 30 cobrava R$ 5.670 por diária. Nesta semana, durante o evento, o valor ofertado para hospedagem em quarto duplo foi reduzido para R$ 900, queda de 84%.
(*) Crédito da foto: Raimundo Pacco/COP30

















