paraty-unescoBrasil agora conta com 22 bens mundiais

Desde o dia 30 de junho, a Unesco (Comitê da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) está reunido para decidir quais lugares do planeta recebem o título de Patrimônio Mundial. Hoje (5), Paraty e Ilha Grande (RJ) foram contemplados durante reunião em Baku, Azerbaijão. Agora, o país conta com 22 bens na lista de sítios de valor universal.

O destino é o primeiro inscrito na categoria de sítio misto, ou seja, cultural e natural. Com quase 149 mil hectares, o centro histórico está cercado por quatro áreas de conservação ambiental. Ali estão o Parque Nacional da Serra da Bocaina; Parque Estadual da Ilha Grande; Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Seu entorno possui 187 ilhas cobertas por vegetação primária.

“Nós, orgulhosamente, voltamos para casa com esse título na bagagem. Em Paraty e Ilha Grande, uma área com diversas reservas ecológicas, vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais, um conjunto histórico preservado, e testemunhos arqueológicos importantes para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra”, comemora Kátia Bogéa, presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Para o ministro da Cidadania, Osmar Terra, a conquista é uma grande honra. "Estou muito feliz com a escolha de Paraty e Ilha Grande como Patrimônio Mundial. É um reconhecimento à nossa história e ao parque ecológico que fica em torno da cidade e que tem um enorme valor para o Brasil. Com esse reconhecimento da Unesco, pessoas do mundo inteiro devem vir conhecer, o que é excelente para o turismo da região". Henrique Pires, secretário especial da Cultura, em missão no Azerbaijão, destaca o que o reconhecimento representa. "Este título dá a Paraty e Ilha Grande uma enorme responsabilidade. Será necessário cumprir uma série de requisitos para que o tombamento permaneça e isso é muito bom para a preservação do local, que por sinal é o primeiro sítio misto do Brasil, Patrimônio tanto Cultural quanto Natural". 

A candidatura de Paraty e Ilha Grande é fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, Iphan, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Prefeituras Municipais de Paraty, de Angra dos Reis e Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Instituto Histórico e Artístico de Paraty (IHAP), Fórum das Comunidades Tradicionais e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina, os órgãos responsáveis estão construindo, em conjunto, um plano de gestão compartilhada do sítio.

Paraty: Patrimônio Cultural e Natural

Paraty e Ilha Grande são locais marcados pela coexistência entre uma cultura  e  ambiente natural. Ali, testemunhos culturais incluem o centro histórico e a fortificação que deu origem a ocupação do núcleo urbano de Paraty, ainda bem preservados, uma variedade de sítios arqueológicos, uma porção do antigo Caminho do Ouro, e comunidades vivas que mantêm sua relação ancestral com a paisagem, todas formando um sistema cultural com uma relação próxima ao meio ambiente. Para os avaliadores do Icomos, órgão assessor da Unesco, o local “tem a capacidade de demonstrar um exemplo excepcional de uso da terra e do mar e interação humana com o meio ambiente”.

O lugar é o primeiro sítio misto da América Latina onde se encontra uma cultura viva. Todos os demais sítios mistos do continente, como Machu Picchu, no Peru, são sítios arqueológicos em uma paisagem natural. A área de abrangência do núcleo de conservação envolve partes do território de seis municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior porção do núcleo territorial está em Paraty e Angra dos Reis. A região preservada inclui, ainda, Ubatuba, Cunha, São José do Barreiro e Areais (SP).

Com cerca de 85% da cobertura vegetal nativa bem conservada, a área do sítio misto forma o segundo maior remanescente florestal do bioma Mata Atlântica. Além da sua extensão, as diferentes fisionomias vegetais permitem a ocorrência de uma fauna e flora incomparáveis, com diversas espécies raras e endêmicas.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Iphan