terça-feira, 12/agosto
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Pix parcelado pode elevar reservas hoteleiras

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, informou hoje (11) que a instituição vai regulamentar, ainda em setembro, o uso do Pix para pagamentos parcelados. Embora algumas instituições financeiras já ofereçam essa funcionalidade em seus aplicativos, não há atualmente uma norma nacional que estabeleça parâmetros claros para sua operação, aponta a Folha de São Paulo.

Segundo ele, a medida – que deve impactar diversos setores, entre eles a hotelaria – poderá beneficiar especialmente os 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito. “Isso vai permitir que essas pessoas possam fazer pagamentos de valores mais elevados de forma parcelada, com tarifas menores e de maneira mais competitiva”, afirma.

O presidente do BC ressalta que a ideia é ampliar as opções de pagamento, sem eliminar alternativas já existentes. “Será mais uma alternativa; o Banco Central não quer restringir, quer oferecer mais opções e deixar que o cidadão, o comércio e o varejo escolham aquela que lhes pareça mais competitiva e interessante.”

Potencial de impacto para a hotelaria

Para o setor hoteleiro, a regulamentação do Pix parcelado pode representar um importante estímulo à demanda. Com a possibilidade de dividir pagamentos de hospedagens sem depender de cartão de crédito, consumidores de menor bancarização ou com limite comprometido terão mais facilidade para fechar reservas, especialmente em períodos de alta temporada ou pacotes de maior valor.

Além disso, o recurso tende a ser atraente para turistas domésticos que desejam viajar, mas preferem preservar o limite do cartão para outras despesas durante a estadia. Essa flexibilidade pode ampliar o acesso a serviços de hotelaria, aumentar a taxa de conversão de reservas diretas e estimular pacotes de estadia mais longos ou de padrão superior.

Outra vantagem é o potencial de ampliar o público consumidor em destinos que dependem fortemente do turismo interno. Com o Pix parcelado regulamentado, hotéis poderão atrair clientes que antes postergavam viagens por falta de opções de pagamento adequadas ao seu orçamento. Isso pode beneficiar não apenas grandes redes, mas também pousadas e meios de hospedagem independentes, que terão a possibilidade de oferecer facilidades de pagamento com menor custo de operação, sem depender de intermediários de cartão de crédito.

Além disso, a medida pode fortalecer as vendas diretas dos hotéis, reduzindo a dependência de intermediários como agências e OTAs. Ao disponibilizar o Pix parcelado em seus canais próprios, os empreendimentos poderão oferecer condições atrativas, melhorar o fluxo de caixa e fidelizar clientes, criando campanhas e promoções específicas para estimular reservas antecipadas, principalmente em períodos de menor ocupação.

Adoção e custos do sistema

De acordo com pesquisa do Google divulgada em julho, 22% dos entrevistados já utilizaram o Pix parcelado, sendo a principal vantagem citada a flexibilidade de não comprometer o limite do cartão. Nesse formato, a instituição financeira que gerencia a conta do cliente oferece a opção de parcelamento mediante cobrança de juros mensais.

Galípolo destaca que cada nova função incorporada ao Pix implica aumento nos custos de manutenção do sistema. “Essas inovações têm uma correlação de cerca de 70% entre os recursos necessários para implementá-las e os gastos para mantê-las. Antes do Pix, as despesas com tecnologia no orçamento do Banco Central estavam abaixo de 30%; agora já se aproximam de 50%.”

O dirigente defende a necessidade de atualização do arcabouço institucional e legal da autoridade monetária para acompanhar as mudanças que o próprio Pix trouxe ao sistema financeiro. Ele cita a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 65, em tramitação no Senado, que propõe um novo regime jurídico para o Banco Central, transformando-o em empresa pública com autonomia orçamentária e poder de política monetária reforçado.

(*) Crédito da foto: Divulgação