terça-feira, 2/setembro
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Reservas diretas x OTAs: quem vence a disputa?

O Skift Research publicou recentemente o relatório Hotel Distribution Outlook 2024, destacando que, até 2030, os canais digitais diretos podem ultrapassar as OTAs como principal forma de distribuição para hotéis. O estudo aponta que os canais diretos poderiam gerar mais de US$ 400 bilhões em reservas brutas, em comparação com os US$ 333 bilhões estimados para as agências online. Essa projeção gerou debates no setor, com muitos céticos questionando se as reservas diretas realmente irão superar as terceirizadas.

Por que essa previsão faz sentido? Embora controversa, a tendência de crescimento dos canais diretos é sustentada por avanços tecnológicos e esforços de grandes redes hoteleiras para fortalecer a relação com seus clientes. Ferramentas de reservas diretas evoluíram significativamente na última década, e os dados mostram um aumento no uso desses recursos.

Um exemplo claro é o da Marriott International, que relatou em 2022 que as reservas diretas digitais representaram 38% das diárias, aumento de cinco pontos percentuais desde 2019. Enquanto isso, o uso das OTAs subiu apenas um ponto percentual no mesmo período, chegando a 12%.

Além disso, o crescimento de redes em mercados globais favorece o aumento das reservas diretas, fortemente influenciado pela representatividade das marcas.

O estudo e a metodologia do relatório do Skift Research foi baseado em uma pesquisa com hoteleiros, que detalhou a distribuição atual de reservas, projeções para 2030 e o cenário ideal desejado por esses profissionais. Segundo as estimativas dos respondentes, até 2030 haverá um equilíbrio 50-50 entre reservas diretas e terceiros. No entanto, o cenário ideal apontado pelos entrevistados seria de dois terços das reservas vindas diretamente pelos canais próprios dos hotéis.

Impacto nos hotéis

Apesar da possível ascensão dos canais diretos, as OTAs continuam sendo fundamentais no mix de distribuição, especialmente para hotéis independentes e em mercados com forte presença desses intermediários.

Para os hotéis que não fazem parte de grandes redes, há boas notícias. Mudanças regulatórias, como as promovidas pelo Google, estão nivelando o campo competitivo. A introdução de resultados orgânicos no Google Hotels em 2021 democratizou o mercado de distribuição, favorecendo sites diretos sobre OTAs nos rankings de busca.

Além disso, ferramentas modernas de gestão de canais e receita com baixo custo inicial tornam mais acessíveis para empreendimentos independentes implementarem soluções que promovam reservas diretas. Redes sociais e plataformas de fidelidade também ampliaram as oportunidades para independentes competirem de forma mais eficaz.

A competição entre OTAs e canais diretos está longe de acabar. Redes hoteleiras continuam investindo pesado em programas de fidelidade e ofertas personalizadas, enquanto OTAs exploram novos mercados e iniciativas, como estratégias B2B e campanhas robustas em redes sociais para atrair clientes sem depender exclusivamente do Google.

A estratégia de distribuição ideal será cada vez mais complexa, refletindo as mudanças nos hábitos dos viajantes, avanços tecnológicos e modelos inovadores. Assim, a próxima década será marcada pela inovação e disputa entre esses canais.

(*) Crédito da foto: Arquivo HN