Uma ampla operação policial deflagrada na madrugada de hoje (28) no Complexo do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, paralisou a rotina da cidade e deixou um rastro de mortes, interdições no trânsito, pânico e cobranças políticas. Trata-se da operação mais letal da história do estado, informa a Folha de São Paulo. A pergunta que fica é sobre o impacto do ocorrido na imagem do turismo carioca.
Desde as primeiras horas da manhã, vias expressas e corredores estratégicos que cortam a Cidade Maravilhosa foram bloqueados ou deixaram de operar normalmente. Transportes públicos sofreram interrupções e desvios em razão dos bloqueios causados por barricadas, veículos incendiados e tiros. Boa parte da grande imprensa relata que ônibus foram suspensos, trens tiveram paradas forçadas, o metrô operou lotado e a mobilidade para quem se locomovia pela cidade ficou totalmente comprometida.
As interdições especialmente nas imediações das comunidades onde ocorreram as operações afetaram tanto moradores, quanto turistas.

Presidente do HoteisRio (Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio de Janeiro), Alfredo Lopes afirmou que os viajantes devem agir com cautela e seguir as mesmas recomendações dadas aos cariocas.
“Os turistas que estão na cidade devem fazer as mesmas coisas que os moradores. Ou seja, tentando ir para suas residências ou ficar nos hotéis, neste primeiro momento. É lógico que essa situação tende a se normalizar a partir de amanhã (29), e aí sim curtir a cidade com mais tranquilidade”, disse ao Mercado & Eventos.
Impacto
A grande imprensa internacional repercutiu o ocorrido no Rio. O The Guardian, do Reino Unido, publicou que o Rio viveu “o pior dia de violência da história” e citou a fala do governador Claudio Castro, que declarou que a cidade “está em guerra”. “Isso não é mais crime comum, é narcoterrorismo”, disse Castro em um vídeo publicado nas redes sociais.
Do lado da polícia, como deu a entender Castro, a prontidão era total. Veículos blindados, batalhões de elite e helicópteros foram mobilizados para cumprir a missão de desarticular o domínio da Comando Vermelho nas duas comunidades citadas. As autoridades afirmaram ter apreendido fuzis e garantido detidos, embora não tenham ainda divulgado detalhadamente o total oficial de mortos e feridos.
Para especialistas ouvidos pelo O Globo, entretanto, a eficácia da operação é questionável, pois ações desse tipo, embora gestadas como medidas de choque, tendem a replicar ciclos de violência, além de garantirem ocupação permanente.
Imagem
É provável que, no curto prazo, o dia de hoje marque um duro golpe na imagem do Rio de Janeiro diante do mundo. As cenas de confronto nas favelas, vias interditadas, transportes em colapso e relatos de mortes em larga escala voltaram a associar a capital a um ciclo de violência. O caos gerado pode anular meses de esforços públicos e privados para reposicionar o destino como seguro e atrativo, especialmente em um momento de retomada do turismo na cidade.
Sim, porque acontecimentos como esse abrem a porta para cancelamentos, receio de viajantes e um abalo na confiança de operadores e investidores. Em um mercado global competitivo, em que a repercução da redes sociais são capazes de gerar impactos muito negativos, episódios como esse podem afastar o Rio do imaginário de cidade acolhedora e vibrante.
“Essa imagem não é confortante. Você imagina: até agora já morreram 64 pessoas, policiais e tal. Isso tem uma repercussão muito negativa. Mas, infelizmente, essa operação de retomada já vinha sendo anunciada e é necessária. Talvez pudesse ter sido tomada com mais antecedência, mas precisa ser feita, sinceramente”, disse Lopes.
(*) Crédito da capa: Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo
(**) Crédito da foto: Divulgação/HotéisRio















