O total de hotéis e resorts no Brasil é algo que ninguém sabe responder ao certo, apesar dos esforços de consultorias como JLL e da HotelInvest, que anualmente divulgam relatórios sobre a indústria hoteleira. Os números compartilhados por essas duas empresas divergem, mas não costumam chegar a 12 mil a cada edição, por exemplo. Para gerar ainda mais dúvidas, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) divulgou hoje (30) um estudo apontando que São Paulo, sozinho, dispõe de 8,7 mil negócios ativos de serviços de alojamento.

O levantamento do NPE (Núcleo de Pesquisas e Estatísticas) da Fhoresp cruza uma série de bancos de dados, entre eles o estudo Mapa de Empresas, produzido pelo MEMP (Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte), que, por sua vez, reúne entidades representativas das 27 Juntas Comerciais do país. O levantamento aponta ainda que São Paulo superou a marca de 500 mil empresas dos ramos de hotéis, bares e restaurantes, representando 7,7% do total de empreendimentos dos mais variados segmentos funcionando em território paulista.

Segundo o estudo, os CNPJs enquadrados na categoria representada pela Fhoresp (hotéis, bares e restaurantes) apresentaram expansão de 12,7% de dezembro de 2023 a agosto de 2024, nível similar ao observado no total de negócios abertos no estado (+12,2%). Quando se fala em empregos, esse segmento acumula pouco mais de 709 mil postos de trabalho formais ativos. Incluindo as vagas informais, extras e as temporárias, o volume chega a 1,4 milhão em exercício.

Diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto destaca que a quantidade de empresas ativas dedicadas aos serviços de hotéis, restaurantes, bares e similares no estado mais do que duplicou, passando de 217.485 para 502.403 negócios, de 2019 (pré-pandemia) a agosto de 2024. “Este panorama mostra a pujança do segmento, que sofre, até hoje, com os prejuízos causados pelas restrições sanitárias impostas pelo coronavírus, mas que é resiliente e tem em sua essência a inovação e o empreendedorismo”, diz.

Análise

Para o Hotelier News, é importante que o setor hoteleiro se una para conseguir gerar um número seguro sobre o real tamanho da indústria. Em um momento de negociações altamente relevantes em Brasília sobre pautas como a Reforma Tributária e a liberação dos cassinos, saber a dimensão exata do mercado ajuda bastante nessa deliberação com o Congresso.

É importante ressaltar que os estudos da JLL e da HotelInvest contam hotéis, resorts e flats, enquanto a Fhoresp considera diferentes tipos de meio de hospedagem, incluindo pousadas e até mesmo campings. O levantamento da entidade paulista, contudo, não leva em conta dados do segmento de short-term rentals, que também se insere na indústria de hospitalidade.

Independentemente disso, o número apresentado pela Fhoresp surpreende bastante, até por levar em conta apenas um estado da federação – e esse volume quase chega à soma compartilhada pelas duas consultorias.

Novamente, é bastante louvável a contribuição que JLL e HotelInvest fazem ao mercado com os seus estudos, mas não se pode ignorar que o setor hoteleiro carece de inteligência de mercado – e a incerteza sobre o número total de meios de hospedagem é apenas um pequeno exemplo disso. É possível mudar esse jogo, basta união.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Nacional Inn Jaraguá