A indústria de STR (short-term rental) está passando por transformações significativas enquanto enfrenta novos desafios regulatórios e oportunidades de crescimento. Recentemente, cidades como Barcelona e Nova York implementaram regulamentações mais rígidas, refletindo uma tendência global em busca de maior controle sobre esse mercado dinâmico. Em meio a essas mudanças, especialistas destacam que o setor, avaliado em quase US$ 203 bilhões em reservas brutas este ano pela Phocuswright, continua a apresentar vastas oportunidades de negócios.

Peter O’Connor, analista sênior de Mercado da Europa para Phocuswright, observa que o ambiente atual é desafiador devido ao aumento das taxas de juros e à crescente regulamentação. Ele compartilhou suas perspectivas durante uma mesa redonda na Phocuswright Europe, onde discutiu as implicações da recente proibição de Barcelona e outros desenvolvimentos regulatórios. O’Connor destacou a necessidade de adaptação do setor às novas realidades, enfatizando a importância de estratégias que promovam tanto a conformidade quanto o crescimento sustentável.

Apesar das restrições, líderes do setor, como Sylvia Epaillard, co-CEO da Interhome, vislumbram espaço significativo para inovação e expansão. A executiva argumentou que há uma carência no mercado em termos de consultoria especializada para proprietários de STR, especialmente aqueles que operam de forma independente. Ela criticou a falta de ferramentas eficazes e transparência no gerenciamento de propriedades, apontando para uma demanda crescente por soluções que aumentem a eficiência operacional e a satisfação do hóspede.

“O Airbnb não faz isso bem. [Nós] conversamos com proprietários que estão, na verdade, apenas trabalhando com o Airbnb, [e] ainda falta muito em termos de ferramentas, tecnologia e transparência sobre como gerenciar bem uma propriedade para que ela funcione para os hóspedes. Então, acho que há realmente espaço para melhorias e outras maneiras de realmente estar perto do proprietário e ajudá-lo a identificar as oportunidades de crescimento, para mais receita, para hóspedes mais felizes”, pontuou Sylvia.

Perspectivas de mercado e Inovação tecnológica

Niko Karstikko, CEO da Bob W., destacou a evolução dos comportamentos do consumidor e o papel transformador da tecnologia no setor de STR. Ele ressaltou que o mercado está expandindo rapidamente, oferecendo oportunidades significativas para criar novos modelos de negócios e serviços que atendam às necessidades emergentes dos viajantes. o executivo enfatizou que a profissionalização e a diferenciação são chaves para o sucesso futuro, especialmente à medida que o segmento busca se equiparar aos padrões de qualidade estabelecidos pelos hotéis tradicionais.

“Se tirarmos as abas e dissermos que é isso que um hotel três estrelas [faz] e realmente resolver os problemas dos clientes e encaixar e criar um serviço e uma proposta para um público-alvo que estamos abordando, esse espaço está crescendo massivamente e há uma oportunidade incrível lá. E o Airbnb foi um catalisador para isso. Mas essa será a grande oportunidade na indústria nas próximas décadas”, comentou Karstikko.

Henrik Kjellberg, CEO do grupo Awaze, que gerencia aluguéis de férias na Europa, falou sobre a a importância crescente da qualidade na experiência do hóspede. Ele observou que, assim como nos hotéis, os STRs enfrentam agora uma maior expectativa de qualidade e transparência por parte dos consumidores. O profissional avaliou que a exigência por padrões elevados continuará a impulsionar a inovação e melhorar a oferta de serviços no setor.

Vered Raviv-Schwarz disse que a Guesty, que fornece software de gerenciamento de propriedades, viu como a tecnologia ajudou o setor de STR a avançar nos últimos anos, já que os hotéis não eram tão rápidos em adotar recursos como check-in virtual. Agora, os STRs estão buscando um nível mais alto de profissionalização.

“Agora os hotéis estão começando a se mover em direção a uma experiência mais tecnológica ou sem contato para seus hóspedes”, disse Raviv-Schwarz. “E, por outro lado, os aluguéis de curto prazo estão tentando mitigar isso ao tratar mais amenidades e experiências de hotéis, com profissionalismo e branding que eles não precisavam no passado porque era uma experiência totalmente diferente”, conluiu.

(*) Crédito da foto: Freepik