O Google está redesenhando as regras do marketing digital e trazendo uma transformação profunda ao turismo. A gigante norte-americana incorporou IA (inteligência artificial) generativa em seu principal produto: a busca. A partir disso, ela coloca em xeque o modelo tradicional baseado em palavras-chave e SEO, afetando diretamente a visibilidade e a conversão de marcas de viagens.
Segundo o Skift Research, a presença das chamadas AI Overviews, resumos de busca feitos por IA, triplicou entre novembro de 2024 e abril de 2025 para termos relacionados a “voos” e “hotéis”. Isso, segundo o relatório, indica que os resultados das pesquisas estão cada vez mais centrados em resumos contextuais gerados por IA, o que diminui o espaço para links orgânicos e reformula a lógica do funil de descoberta. Por consequência, a inspiração na jornada do viajante também sofre alterações.
“O Google sempre foi um canal essencial de distribuição. Agora, está se reinventando com IA e isso terá impacto direto sobre a forma como marcas de turismo se posicionam”, destaca o estudo IA, Google e a mudança de palavras-chave para contexto em viagens.
Cenário conhecido
Segundo a análise, o impacto da IA no setor não é novidade. Desde 2023, a expectativa era de que a tecnologia afetasse áreas como atendimento e ferramentas internas. No entanto, a verdadeira ruptura começa agora, com a reformulação da experiência de busca — porta de entrada para grande parte das reservas de viagens.
A nova dinâmica exige, portanto, uma mudança de mentalidade dos profissionais de marketing. Se antes o foco era ranquear bem em determinadas palavras-chave, agora a preocupação está em aparecer com relevância nos resumos produzidos pelas ferramentas de IA. Isso altera não só estratégias de SEO, mas também investimentos em mídia e formatos de conteúdo.
Movimentação do mercado
Marcas já estão se movimentando. A Agoda lançou recentemente um planejador de férias com base em IA, capaz de criar roteiros personalizados em segundos. O Expedia também aposta em modelos de interação mais fluidos, que permitem ao usuário enviar um vídeo do Instagram e, a partir dele, ter uma viagem inteira sugerida.
Com isso, o tradicional percurso entre inspiração, pesquisa e conversão tende a encurtar. A lealdade à marca pode dar lugar à conveniência de um clique orientado por IA.
“A mensagem é clara: o Google está mudando as regras do jogo. Para os profissionais de turismo, adaptar-se a essa nova lógica deixou de ser uma escolha e se tornou uma necessidade para continuar visível e competitivo em um mercado cada vez mais moldado pelo modelo tecnológico”, avalia o Skift Research.
(*) Crédito da foto: Unsplash