terça-feira, 2/setembro
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Hotel Trends Orçamentos sinaliza lazer como motor da demanda

Durante a programação do Hotel Trends Orçamentos, Patricia Boo, diretora regional Latam da STR, apresentou o painel STR Inside: os números não mentem, mas podem confundir, analisando a performance do setor hoteleiro no Brasil em relação a outros mercados globais.

No bate-papo, a executiva destacou pontos como o posicionamento global do Brasil, a diária média, o momento atual do lazer e do corporativo, entre outros. De acordo com Patricia, a demanda mundial começou a desacelerar em algumas regiões no primeiro semestre, como China, Estados Unidos e América Central.

A diária média, por sua vez, continua em alta, mas já sente os efeitos da desaceleração. “Quando comparamos os principais KPIs por países, dá para entender como o crescimento do RevPar é geral neste período, mas ainda assim impulsionado pela diária média”, disse Patricia.

O Brasil teve um primeiro semestre sólido, com aumento de ocupação e tarifas em diversos mercados. São Paulo e Rio de Janeiro registraram alta de 13% e 9%, respectivamente, na diária média em relação a 2024, enquanto Salvador se destacou com crescimento de 23%. Brasília (+15%) e Porto Alegre (+10%) também apresentaram avanços relevantes.

Embora a taxa de ocupação tenha mostrado sinais de desaceleração ao longo do inverno, especialmente a partir de junho, o valor das diárias seguiu em crescimento, com incremento de 8% nos últimos 12 meses, mesmo considerando o ajuste pela inflação. Esse movimento garantiu que o RevPar permanecesse positivo.

Gráfico STR

Entre os destaques do estudo apresentado no Hotel Trends Orçamentos, está a performance dos resorts brasileiros, que se posicionam à frente da curva em relação a destinos como o Caribe Mexicano. “De modo geral, temos ocupação acima dos 70% e com a diária média crescendo, principalmente no segmento all-inclusive, se posicionando acima da média do país”, disse.

Outros insights

O relatório aponta que o RevPar nos principais destinos brasileiros manteve-se positivo ao longo do semestre, ainda que com diferenças marcantes entre as regiões. Recife lidera o ranking nacional, com 73,1% de ocupação, embora tenha registrado queda na variação frente ao ano anterior. Curitiba apresentou 72,9%, consolidando-se como um dos mercados mais fortes em receita por quarto disponível. São Paulo alcançou 63,5% de ocupação média, sustentada tanto pela retomada das viagens corporativas durante a semana quanto pelo incremento da demanda de lazer nos finais de semana.

No Rio de Janeiro, a ocupação média foi de 57,5%, abaixo da capital paulista, mas a valorização das tarifas impulsionou o RevPar. No segmento de luxo, por exemplo, a cidade registrou diária média de R$ 1,1 mil e RevPar de R$ 712. Salvador teve um dos maiores crescimentos do período, com aumento de 23% na diária média e elevação da ocupação, o que garantiu avanço expressivo da receita. Brasília seguiu a mesma tendência, com diárias 15% mais altas e maior taxa de ocupação. Já Foz do Iguaçu se destacou pelo crescimento de tarifas, fator decisivo para a alta do RevPar, mesmo com ocupação mais moderada.

Outros destinos, como Fortaleza e Porto Alegre, também apresentaram evolução, mas puxados principalmente pelo aumento dos preços, sem alcançar os níveis de líderes como Recife e Curitiba.

Construindo orçamentos

Ao falar da construção de orçamentos, Patricia destacou que entender a janela de reservas e a agenda de eventos é essencial para evitar perda de oportunidades. “O Brasil tem praças muito distintas. Portanto, é necessário que os empreendimentos entendam o comportamento dos destinos para criar estratégias assertivas no planejamento orçamentário”, afirmou.

Patricia Boo
“É preciso pensar o mercado como um todo”, disse Patricia

Segundo ela, observar o mercado ajuda a reduzir custos e elevar a rentabilidade, mas essa não é a única forma de aumentar os lucros. “O gasto operacional total não mudou em relação ao ano passado, de modo geral. Neste cenário, é preciso mergulhar em cada um dos departamentos para entender oportunidades de reduzir custos e buscar receitas adicionais para elevar o lucro”, analisou, acrescentando que São Paulo é um exemplo de mercado que tem trabalhado essas receitas, resultando no aumento de indicadores como o TrevPar.

O estudo conclui que, embora o crescimento das diárias siga sustentando a hotelaria, a combinação de desaceleração da demanda e aumento de custos exige maior atenção dos gestores. O lazer continua sendo o principal motor do setor, mas a retomada corporativa ainda apresenta sinais mistos.

(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/STR