Como já foi amplamente debatido, o setor de eventos deverá ser o último a retomar dentro da cadeia do turismo. Para a hotelaria, é muito importante acelerar a recuperação do segmento Mice, gerador vital de receitas para os hotéis. De fato, o retorno aos padrões pré-pandemia de faturamento está intrinsecamente conectado a essa retomada. Agora, como fazer isso? O IHG (InterContinental Hotel Group) tem um caminho e já executa esse plano.

Assim como outras redes nacionais e internacionais, o IHG já tem protocolos bem definidos e deseja testá-los na prática. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, já liberou a realização de eventos com até 600 pessoas, mas a demanda continua fraca. Por isso, para a rede britânica, só uma comunicação mais efetiva poderá levar maior segurança para organizadores, clientes e participantes.

“Criamos o programa Reúna-se com segurança para transmitir essa confiança ao mercado. Em paralelo, realizamos uma pesquisa para entender quais as principais preocupações do organizador”, revela David Pressler, diretor regional de Marketing e Vendas do IHG para América Latina. “Entre outras coisas, descobrimos que, além de questões de higiene, um ponto relevante era a possibilidade de cancelar os eventos. Concedemos flexibilidade total nas questões contratuais relacionadas a isso”, completa.

Pressler conta que a maior parte dos cancelamentos ocorreu do final de março a junho. Segundo ele, 50% dos grandes eventos (mais de 200 pessoas) foram remanejados para 2021. “O maior volume de receita vem justamente desses encontros”, acrescenta. “Os 50% restantes foram reprogramados para o último trimestre deste ano. No entanto, quando chegou junho, metade foi remanejada para 2021. Desses, quase 90% não têm datas definidas, mas também não foram cancelados. Muitos já foram pagos ou contam com patrocínios já confirmados”, comenta.

IHG e protocolos

Então, mesmo diante da receita quase zero que o segmento gerou em 2020, Pressler tem um olhar positivo para 2021. “Se vier a vacina, então…”, avalia. “Ainda assim, é inegável que a curva de recuperação do segmento seja mais lenta. Estamos reforçando a comunicação com os compradores para passar toda segurança sobre nossos protocolos. Além disso, criamos um toolkit com informações sobre como trabalhamos distanciamento dentro das salas e os processos de A&B e etc”, completa.

Mesmo sem ter muitas oportunidades de “testar” os protocolos, o executivo ressalta que o IHG tem um excelente case. “Durante todo período mais crítico da pandemia o Holiday Inn Anhembi não fechou. O hotel hospedou médicos do hospital de campanha montado no Anhembi e não registrou um único caso”, ressalta.

E os eventos híbridos, vieram para ficar? Pressler acha que sim, mas o formato nunca substituirá os presenciais. “O brasileiro gosta de eventos presenciais. Além disso, o confinamento aumentou nossa vontade de nos reunirmos. Podemos perder uma fatia dos encontros corporativos, mas os sociais podem compensar”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Nayara Matteis/Hotelier News