Os resultados negativos do setor de turismo em março não surpreenderam e, certamente, abril será ainda pior. Agora, qual o tamanho do prejuízo até aqui? Estimativa divulgada hoje (12) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) aponta que a indústria turística acumula perdas de R$ 62,5 bilhões desde o início da pandemia.
De fato, o segmento vem sendo um dos mais afetados pelas medidas restritivas visando ao combate do Covid-19. Segundo a CNC, a perda de R$ 13,4 bilhões em março chegou a R$ 36,94 bilhões em abril e a R$ 12,24 bilhões neste início de maio. Juntos, Rio de Janeiro (R$ 8,86 bilhões) e São Paulo (R$ 22,60 bilhões) concentram mais da metade do prejuízo no país.
“Existe uma grande correlação entre o fluxo de passageiros, que caiu drasticamente no país, e a geração de receitas no turismo. O cenário para o setor, que já era bem negativo há dois meses, se agravou nas semanas seguintes, alcançando uma paralisia quase completa nos dois últimos meses”, explica José Roberto Tadros, presidente da CNC.
CNC: perda de conexões
Em relação à dupla Rio-SP, Fabio Bentes, economista da CNC, destaca que os aeroportos dos dois estados registraram taxas de cancelamento diárias superiores a 90%, no fim de março. “Em abril, com quedas de até 99% nessas localidades, o cancelamento médio diário cedeu, refletindo o ajuste da oferta de transporte aéreo ao novo patamar de demanda”, explica.
Sampaio: entidades se movimentam para evitar desemprego no setor
Considerando os 16 maiores aeroportos do Brasil – responsáveis por mais de 80% do fluxo de passageiros –, as taxas de cancelamento de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4%, nos primeiros dias de março, para 93% até o fim de março. Em relação à última semana de fevereiro, o número de voos confirmados diariamente recuou 91% em relação ao período anterior à pandemia.
“Sabemos que todos os setores da economia estão sendo afetados, mas o segmento voltado ao turismo terá o processo mais longo de recuperação. Temos uma projeção de 300 mil desempregados. Vamos fazer o que for possível para minimizar os efeitos negativos no nosso setor”, afirma Alexandre Sampaio, diretor da CNC e presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação).
Vale destacar que, ontem (11), a entidade divulgou comunicado propondo ao governo federal a prorrogação da MP 936. A medida provisória, anunciada no início de abril, prevê a flexibilização e suspensão de contratos de trabalho.
(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News
(**) Crédito da foto: Arquivo HN