Quando o Palácio Tangará abriu suas portas no bairro do Panamby, em São Paulo, sua localização pouco convencional foi motivo de muitos questionamentos. Rodeado pelo verde do Parque Burle Marx em uma região nobre da capital paulista, o cinco estrelas segue comprovando que esta é apenas uma de suas muitas qualidades. Em 2024, o único empreendimento da Oetker Collection na América do Sul tem tudo para bater um novo recorde de resultados.

Se em 2023 o Palácio Tangará alcançou o crescimento de 33% em faturamento frente a 2022, este ano o avanço será mais modesto, mas é preciso lembrar que as margens de comparação são mais robustas — o que não diminui sua relevância. “Vamos seguir nessa linha de alta. O primeiro trimestre foi mais desafiador, porém a partir de março observamos uma melhora significativa que se manteve, com destaque para agosto, setembro e outubro”, diz Celso Valle, diretor do empreendimento de luxo.

A projeção é de incremento de 8% em receita em 2024, superando 2023, que já havia sido o melhor ano do Palácio Tangará até então. Valle salienta que este ano foi mais difícil pela ausência de grandes shows, como RBD e The Town, catalisadores de demanda no ano passado.

“São Paulo não recebeu nenhum grande evento que justificasse um 2024 melhor. Acredito que os resultados são reflexos da consolidação do Palácio Tangará no mercado. Realizamos muitos casamentos e eventos sociais, que são sempre mais pesados em volume do que os corporativos. Para 2025, temos poucas datas para vender aos sábados”, conta Valle.

Gastronomia estrelada e com vida própria

Este ano, o Tangará Jean-Georges recuperou sua estrela Michelin — o que também foi um diferencial para a receita de A&B (Alimentos & Bebidas). Fruto das demandas da pandemia, o Pateo do Palácio é sucesso absoluto entre os paulistanos por seu amplo terraço com 95 lugares. “É um restaurante com uma demanda excepcional, que cresceu quatro vezes o que era antes de sua reformulação. Essa mudança fez toda a diferença”, pontua o diretor.

Em média, a gastronomia representa 55% da receita do Palácio Tangará considerando também os eventos. Valle destaca que o empreendimento entrega os melhores resultados da Oetker Collection neste sentido.

“Os restaurantes e eventos têm vida própria e são independentes do hotel. É claro que recebemos casamentos que chegam a ocupar 80 quartos de nosso inventário, pois muitas pessoas de fora de São Paulo nos procuram para suas celebrações e até mesmo estrangeiros”, revela Valle.

Celso Valle

Valle espera um 2025 ainda melhor

Receitas auxiliares

Mesmo com uma diária média alta e 45% de seu faturamento oriundo de hospedagens, o Palácio Tangará sabe como explorar seus predicados para crescer em receita. Para Valle, essa busca por equilíbrio é um dos segredos do sucesso da propriedade.

“A consolidação do nosso produto faz toda a diferença. O Tangará caiu no gosto do paulistano. Hoje, 74% da nossa demanda é de brasileiros e 26% de estrangeiros, com destaque para os EUA. O público local vem aos finais de semana, pois nos posicionamos como um refúgio dentro de São Paulo. Temos uma vocação bem distinta em relação aos dias úteis. Muitos falam que estar em nosso hotel é como sair da capital sem pegar a estrada”, compartilha o diretor.

As áreas para eventos, com amplos terraços, espaços ao ar livre e vista para o parque são características que fazem do Tangará um objeto de desejo dentro do segmento. “É um privilégio que não pode ser copiado. Nosso diferencial é o serviço, além da arquitetura. Temos uma academia generosa e duas piscinas semi-olímpicas aquecidas. Nossa localização nos ajuda muito e tiramos o melhor disso”, avalia o executivo.

Fidelização em alta

Com uma base fidelizada considerável, o Palácio Tangará ostenta muitos habitués. Segundo Valle, alguns clientes já se hospedaram 140 vezes no empreendimento. Para o diretor, a lealdade vem de encontro com os esforços para manter a propriedade sempre atrativa com novas experiências e investimentos.

“Estamos constantemente nos reinventando. Seja na gastronomia ou nos serviços. Lançamos nossa feijoada aos sábados em junho e foi algo surreal. No primeiro dia, recebemos 248 pessoas para o almoço”, revela o diretor.

E muito além de fidelizar, o Palácio Tangará vem desconstruindo sua dependência das OTAs para essa fatia de público. Valle vê as gigantes de viagens online como positivas, uma vez que sua permeabilidade no mercado é incontestável. “São vitrines que possuem uma capilaridade que nós não temos e são essenciais principalmente para o internacional”.

Cabe destacar que o hotel atua com a mesma tarifa em todos os seus canais de distribuição, variando apenas de acordo com a demanda. “É uma estratégia coerente e transparente. No mercado nacional, as OTAs perdem um pouco de força, mas nossos clientes fidelizados chegam por canais diretos”, explica.

Marketing orgânico

Ao andar pelas dependências do hotel, é possível observar muitas pessoas tirando fotos ou gravando vídeos para as redes sociais. Segundo Valle, essa prática é um valioso marketing orgânico para a propriedade de luxo, que vem investindo cada vez mais em divulgação.

“O hotel é objeto de desejo e esse marketing vem de forma espontânea e constante, o que é incrível. Trabalhamos pouco com influenciadores, oferecemos descontos e convidamos, mas recebemos esse tipo de pedido diariamente. Buscamos nichos menores, mas mais qualificados”, pondera.

Para 2025, o orçamento do Palácio Tangará prevê um crescimento acima de 2024. Valle adianta que a estrutura deve receber pequenos investimentos, uma vez que o hotel é novo. “Queremos fechar o terraço do Tangará Jean-Georges com vidro para climatizar. Também renovamos nossa parceria com o Lancôme Spa. Nossos investimentos são focados em serviços dentro dos produtos que já temos para manter a roda girando”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Nayara Matteis/Hotelier News

(**) Crédito da foto: Divulgação/Palácio Tangará