Margens apertas e escassez de mão de obra são alguns dos principais desafios da hotelaria global. Diante desse cenário, o setor cada vez mais se convence de que a tecnologia para melhorar a eficiência operacional e a rentabilidade é um caminho sem volta. Esse novo contexto, lembrando o histórico baixo investimento do setor, é um desafio, mas que tende a aproximar a indústria de hospitalidade de outros segmentos mais avançados digitalmente.
“A tecnologia na hospitalidade hoje, para dizer o mínimo, é ruim. Estamos muito atrasados”, avalia Kamalesh Patel, presidente da AAHOA (Asian American Hotel Owners Association), entidade que reúne os proprietários de hotéis com origem asiática nos Estados Unidos. E, de fato, a fala de Patel é certeira. Não há como tampar o sol com a peneira sobre esse assunto – e essa realidade vale para todo planeta, mesmo nos Estados Unidos como ele bem destaca.
CEO da Highgate, empresa norte-americana de gestão hoteleira, investimento e desenvolvimento imobiliário. Arash Azarbarzin, concorda que a hotelaria demorou a incorporar soluções tecnológicas no dia a dia das operações. “Estamos adotando cada vez mais, mas ainda estamos cerca de 10 anos atrás de outros setores em termos de tecnologia”, avaliou.
Até aí, nenhuma novidade, certo? No Brasil, por exemplo, operadoras como Atrio Hotel Management e Grupo Tauá de Hotéis, vem investindo em IA e totens de autoatendimento, mas ainda há um longo caminho pela frente para equiparar o que o mercado financeiro entrega nessa frente digital. Então, fica a pergunta: como a hotelaria como um todo precisa proceder?
Caminhos
Como exemplo, Patel citou a aviação, no qual o passageiro pode reservar, alterar voos e escolher assentos com poucos cliques. Nos hotéis, no entanto, a experiência ainda é bastante irregular. “Quando foi a última vez que você usou um app de hotel e pensou: ‘Isso é inovador, é exatamente o que eu procurava?’”, questiona.
Patel defende que a inovação vá além da experiência do hóspede e alcance a operação. Ele sugere, por exemplo, a criação de um aplicativo integrado capaz de desligar luzes e ar-condicionado em quartos desocupados, antes da chegada da equipe de limpeza — medida simples, mas com impacto direto na redução de custos. “A corrida aqui não é sobre quem adota primeiro, mas sobre quem padroniza e implementa primeiro”, acrescenta Patel.
Agora, um caminho que se abre é a IA (Inteligência Artificial), com potencial de se tornar o motor capaz de acelerar essa transformação. Depois de anos de expectativa, o foco da hotelaria agora está em aplicações práticas. CEO da Aimbridge Hospitality, maior operadora multimarca do mundo, Craig Smith conta que, apesar de ter demorado a adotar a tecnologia, já reconhece seu potencial.
Segundo Smith, a empresa contratou um cientista de dados de 23 anos que, em duas semanas, desenvolveu programas de IA que geraram economias no processo orçamentário. “Já vi muitas modas passageiras, mas isso é diferente. A IA não é uma moeda brilhante; é uma nota de um dólar brilhante.” Para ele, o impacto mais relevante da tecnologia ocorrerá nas áreas administrativas, e não diretamente na experiência do hóspede.
“A Aimbridge já utiliza ferramentas de IA em marketing e recrutamento, com resultados “incríveis”, finaliza.
(*) Crédito da capa: gerado pelo ChatGPT















