A Abramat (Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção) reduziu sua projeção de crescimento nas vendas para o setor em 2019. Em comunicado divulgado ontem (10), a entidade revisou de 2% para 1,5% a estimativa desse ano. O recuo também esbarra na hotelaria, sinalizando menor interesse de investidores em novos projetos, dizem especialistas.

A Abramat informou que a redução na projeção pode ser atribuída ao fraco desempenho da economia brasileira no início do ano. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o PIB (Produto Interno Bruto) do país encolheu 0,2% no primeiro trimestre. Em paralelo, a pesquisa Focus, do BC (Banco Central) vem promovendo seguidas revisões (para baixo) do crescimento do PIB este ano. 

“Esse ajuste de menos meio ponto percentual se justifica frente ao resultado do PIB no primeiro trimestre e pelo ritmo de retomada da economia mais lento que o esperado”, comentou Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, no comunicado.

Navarro ponderou, entretanto, que a estimativa segue acima do crescimento de 1% obtido em 2018, ano considerado de recuperação pela Abramat. Em junho, o faturamento do setor caiu 1% frente a maio, recuando 0,9% em relação a igual mês do ano passado. Para o primeiro semestre, a associação estima alta de 2,6% ante os primeiros seis meses de 2018, dado a ser confirmado ainda neste mês.

Abramat - Caio CalfatCalfat acredita que os dados da Abramat afetam mais projetos residenciais

Abramat e hotelaria

Recém-eleito presidente da Adit Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), Caio Calfat acredita que, de certa forma, a revisão na estimativa é um indicativo de atividade mais baixa para desenvolvimento de projetos hoteleiros. Ainda assim, ele pondera que o impacto maior acontece em outros produtos imobiliários. 

“O maior impacto será no residencial voltado para classes média e alta. O produto Minha Casa Minha Vida e multipropriedade, por exemplo, não devem ter impacto grande nesta redução de crescimento. Os números de vendas mostram isso”, comenta Calfat. “Já hotéis devem ter desenvolvimento mais lento, mas o cenário já não era muito favorável à construção de novos empreendimentos, à exceção da capital paulista”, completa.

O presidente da Adit Brasil, contudo, reconhece que o apetite do investidor é diferente do início do ano (leia mais aqui). “Está menor, sem dúvidas. A expectativa era de um desfecho mais rápido para a Reforma da Previdência. Para piorar, política e economia, via de regra, não são vinculadas, mas neste momento está, até pela natureza do problema envolver o caixa público”, avalia.

Calfat vincula à aprovação da reforma uma possível aceleração do desenvolvimento de projetos hoteleiros. “Pode ser que, definidas as reformas, o mercado comece a olhar de forma mais otimista para o crescimento do setor hoteleiro”, diz o dirigente. “Fato é que a Reforma da Previdência é uma condicionante ao crescimento do país, ao aumento da atividade econômica, à dinamização da produção e, por consequência, ao desenvolvimento hoteleiro”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Martinelle/Pixabay

(**) Crédito da foto: Juliana Stern/Hotelier News