Chegando perto da marca da 50ª live, o Hotelier News e Grupo R1 trouxeram em transmissão realizada ontem (11) um dos temas mais delicados do momento: gestão financeira. Com o caixa afetado após quase 9 meses de pandemia, gastos extras e períodos com demanda nula, como melhorar os resultados?

Essa foi a questão central da live que contou com moderação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News e Jeferson Munhoz, sócio diretor da HotelCare e Escola para Resultados. Para compor a banca, estiveram presentes Daniel Ribeiro (Tauá), Luis Volpato (PUC-SP), Rinaldo Bertuccelli Fagá (THG) e Rui Medeiros (Atrio Hotel Management).

Apesar dos empreendimentos de lazer já sinalizarem recuperação, em linhas gerais, as demandas permanecem baixas. Para equilibrar tantos fatores, medidas de emergência foram tomadas. Para abrir o bate-papo, gestores comentaram as ações de suas respectivas empresas para controlar gastos e fluxo de caixa.

No Grupo Tauá de Hotéis, com quatro unidades, a receita chegou a zero. Segundo Daniel Ribeiro, renegociações tiveram papel fundamental na retomada. “No retorno, começamos a fazer clientes com descontos para pagamento à vista, iniciativa que não dávamos importância antes e impactou bem a entrada. Renegociamos valores e formas de pagamentos e hoje trabalhamos com o caixa mais folgado”.

Movimento semelhante aconteceu no THG, que apesar dos bons resultados em Comandatuba, ainda vive as incertezas das unidades corporativas. “Ficamos fechados para poder superar as necessidades de caixa, pois os custos eram menores. Aproveitamos as reduções de jornadas e contratos. Foi uma época difícil, e aprendemos a fazer mais com menos”, explica Fagá.

O gerente de Operações da Átrio falou sobre a criação de um comitê de retomada e explicou que a estratégia foi fortalecer o caixa de forma centralizada. “Fizemos muitas negociações, postergação de prazos e redução de custos de pessoal. Demos 15 dias de férias e desligamos 36% de nossa equipe. No A&B, fizemos redução de menu”.

Saindo do universo da hotelaria, o professor de Administração Financeira da PUC-SP, Luis Volpato, explica que o momento pede reflexão por parte das empresas. “O fluxo de caixa nos leva sempre a refletir, pois depende da continuidade dos negócios. O que eu tenho aconselhado é rever políticas de prazos de recebimentos e pagamentos; renegociar inadimplência; dar descontos e antecipar recebimentos”, diz. “Um item que tem grande influência é a questão dos estoques. É uma parte significativa do ciclo operacional financeiro”, complementa.

live - gestão financeira

Convidados deram suas previsões e planejamentos para 2021

Live: acesso às linhas de crédito

Nos últimos meses, o governo federal anunciou medidas de acesso ao crédito para dar fôlego às empresas. Dois exemplos são o PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito), em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e os R$ 5 bilhões liberados pelo Fungetur (Fundo Geral do Turismo). Em relação aos auxílios, as empresas vivenciaram situações distintas.

“Vivemos uma inauguração em Alexânia durante a pandemia e isso demandou muito caixa. Havíamos feito um financiamento para finalizar as obras, porém foi suspenso. Nesta época, os bancos fecharam as portas e pararam de nos atender. Demoramos três meses para conseguir levantar um dinheiro que foi importante para a retomada. Nos últimos 30 dias, o mercado está com outra mentalidade. Conseguimos a credibilidade de volta e o pânico do setor acabou”, conta Ribeiro.

Para a Átrio, o processo foi mais tranquilo. Com cinco solicitações e cinco aprovações, a administradora hoteleira pode escolher as instituições financeiras e as melhores condições. “Fizemos empréstimos para três anos, mas o objetivo é liquidar em um. Foi um processo rápido, de 60 dias, porém feito pela matriz, o que deve ter ajudado”, avalia Rui.

Sobre os principais aprendizados financeiros deixados pela crise, Fagá alega que o principal foi saber fazer mais com menos. “Sempre achamos que não tem onde reduzir e acabamos protelando decisões para economizar. Tudo que precisa ser feito deve ser feito de imediato, não adianta protelar e esperar chegar a crise”.

Para finalizar a live, Volpato diz que este é um momento de transformação e oportunidade não só para a hotelaria, mas para o setor empresarial como um todo. “Estamos repensando como gerenciar considerando todas as atividades, buscando formas mais eficientes de gestão. É preciso pensar no capital de giro, na motivação dos colaboradores e de que forma tecnologias da informação podem gerar métricas para tomadas de decisão”.

Break even e 2021

Atingir o ponto de equilíbrio, no início da pandemia, parecia uma missão quase impossível. Após reajustes, os debatedores afirmam que o break even pode ser alcançado com pouco. “Estamos fazendo isso. Nossos hotéis econômicos ficavam em 30% e 35% antes da pandemia. Hoje, atingem em 20% e 25%. Em setembro, de 58 unidades, 41 forma positivas”, comenta Rui.

No Tauá, com a operação mais enxuta, a rede atingiu o break even rapidamente. “Atibaia conseguimos com 22%; Caeté, 25% e Alepo, 23%. Tivemos um lucro muito bom em setembro e outubro batemos recorde histórico”, afirma Ribeiro.

Para 2021, é necessário traçar múltiplos cenários para não ser pego de surpresa. “Esta é uma das partes prioritárias na gestão de negócios de qualquer segmento. É preciso tomar decisões estratégicas e tenho verificado que as projeções ainda são deficientes na questão orçamentária e em relação ao modelo utilizado para fazer previsões. Precisamos criar instrumentos que garantam maior certeza nas projeções”, destaca Volpato.

Para assistir a live na íntegra acesse o link.

(*) Crédito da capa: Pixabay

(**) Crédito da foto: reprodução da internet