Atual presidente da ABIH-SP, Ricardo Roman Jr. é também diretor do Hotel Delphin Guarujá, ibis Style Guarujá, do restaurante Dona Eva e da Interamerican NetWork. Formado em hotelaria pela faculdade Renascença, cursou StartSe Executive Program, GET APG Aviation Academy e Excelência em Turismo Braztoa.

Aos 52 anos, é casado com a Ana Paula e tem dois filhos: Ricardo, com nove, e Catarina, com sete. Entre seus hobbies, a leitura ocupa um espaço importante. E deixa até espaço para um recomendação aos leitores do Hotelier News: Organizações Exponenciais, de Salim Ismail, Michael Malone e Yuri Van Geest (Singularity University).

Gosta ainda de praticar natação e golfe, curte house music, MPB e rock. Outra paixão é viajar com a família para lugares diferentes e última “aventura” realizada foi para o Deserto do Atacama, no Chile, e Machu Pichu, no Peru. Convidado da sessão de hoje (4), Roman Jr. falou sobre a retomada da hotelaria em São Paulo, a “polêmica” parceria com o Airbnb e outros temas que rodeiam a volta do turismo em São Paulo. Confira!

Três perguntas para: Ricardo Roman Jr

Hotelier News: A parceria entre ABIH-SP e Airbnb trouxe um novo tom para a conversa entre hotéis e a plataforma de aluguel, postas muitas vezes como antagonistas. O que foi necessário para viabilizá-la e o que é esperado de cada lado nesse acordo?

Ricardo Roman Jr: Bem-vindo ao futuro! O Planeta mudou. Os paradigmas mudaram. As cidades também, assim como nossas relações profissionais e sociais também. Agora, em vez de ter posse, queremos usar. As experiências são mais importantes do que ter. As certezas de ontem já não são mais as mesmas. Em muitos casos, ficaram obsoletas. Precisamos rever e repensar tudo e redefinir como vamos promover nossos hotéis. Pensar em como tirar proveitos dos dados que hoje são o “novo petróleo”. Os hotéis independentes precisam estar ao lado do novo, da mudança que está acontecendo em nosso planeta. A diretoria da ABIH-SP decidiu, sabiamente, estar ao lado do novo. Hoje, somos capazes de promover nossos hotéis para o mundo com os mesmos recursos de 10 anos atrás que usávamos para promovê-los em nossas cidades.

Quanto mais formas de distribuição para nossos hotéis existirem, menor será a comissão que iremos pagar. A livre concorrência traz esse benefício. Além do Airbnb, temos agora também o Rappi entrando no mercado. Isso é bom para a hotelaria. A economia precisa girar. Nós precisamos vender e tem mercado para todos. Hoje, o nicho supera a mediana. E, nós hoteleiros, estamos na ponta e precisamos estar ao lado de todos os tipos de canais de distribuição: agências de viagens, operadoras turísticas, OTAs, entre outros, sem esquecer, é claro também, da venda direta! Com o Airbnb assinamos um MOU (Memorando de Entendimento), válido por dois anos, e que contempla cinco pilares. São eles: comercial, com o objetivo de fomentar negócios entre os hotéis e a plataforma; inteligência de mercado, no qual o Airbnb disponibilizará para a ABIH-SP estatísticas sobre o fluxo turístico para e no estado de São Paulo, a partir de dados processados por meio da plataforma, o que possibilitará ao setor hoteleiro independente formular estratégia com foco no aumento do volume de negócios; qualificação para sustentabilidade, em que vamos criar programas educativos para ampliar o conhecimento e práticas de turismo responsável; promoção turística, visando promover São Paulo na plataforma do Airbnb para aumentar o fluxo de turista e, por consequência, a taxa de ocupação dos hotéis; e melhores práticas, mirando trabalhar juntos para alavancar resultados que a economia digital pode proporcionar aos empreendimentos hoteleiros.

HN: São Paulo vive momentos diferentes entre interior e capital. Como está o mercado independente nesse contexto? Ainda é preciso a volta dos eventos para engatar a retomada ou há novas perspectivas em vista?
 
RRJ: A hotelaria tem, basicamente, três tipos de clientes: lazer; eventos e corporativo. Por enquanto, nossa expectativa com relação à retomada está se confirmando com o turismo doméstico de carro próximo aos grandes centros urbanos com o turismo de lazer. Apenas as cidades turísticas de São Paulo e hotéis que têm seu core business voltado à demanda das viagens a lazer estão com taxa de ocupação que varia de 40% a 50% no mês de outubro. Os empreendimentos que dependem da retomada dos eventos e clientes corporativos permanecem com uma ocupação muito baixa. Alguns estão olhando para os eventos sociais como demanda alternativa e nova fonte de receita. A hotelaria está começando também a investir em plataformas que conversam com este público. Enquanto a malha aérea e os eventos corporativos não voltarem, continuaremos com sérios problemas na taxa de ocupação desses hotéis. De todo modo, aos poucos, já é possível observarmos uma tendência de melhora.

HN: Quais as tendências para a hotelaria paulista em 2021? Existem novas tecnologias em vista para performar junto ao movimento de retomada? O que esperar?
 
RRJ: Ao absorver toda a mudança gerada pela pandemia, o planeta deu um salto quântico em relação à inovação e precisamos nos preparar para essa mudança. Adaptação ao chamado novo normal é a palavra-chave.

(*) Crédito da foto: Divulgação/ABIH-SP