cncInjeção de liquidez por conta da pandemia é responsável pelo aumento

A pandemia de coronavírus vem causando um efeito dominó na economia. Se os consumo das famílias havia crescido em março, em abril o número de brasileiros endividados bateu novo recorde. De acordo com a CNC (Confederação Nacional de Comércio, Bens, Serviços e Turismo), o indicador chegou aos 66% – maior percentual desde o início da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), em janeiro de 2010.

Esta foi a primeira Peic realizada após o início da pandemia, com coleta realizada entre 20 de março e 5 de abril. Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, a alta se baseou na ampliação do crédito ao consumidor. “A crise com a Covid-19 impõe ao governo a adoção de medidas de estímulo ao crédito, na tentativa de manter algum poder de compra dos consumidores. A queda expressiva dos juros e da inflação reduz, respectivamente, o custo do crédito e a pressão sobre a renda, incentivando o endividamento”.

Tadros ainda reforça a importância de se viabilizarem prazos mais longos para os pagamentos ou alongamentos das dívidas, além da busca por iniciativas mais eficazes para mitigar o risco de crédito. “Assim, os consumidores poderão quitar suas contas em dia sem maiores dificuldades, afastando a piora nos indicadores de inadimplência, nos meses à frente".

CNC: indicadores de inadimplência

A quantidade de brasileiros com dívidas ou contas em atrasos ficou estável em abril, após dois meses consecutivos de aumento: 25,3%, percentual igual ao aferido no mês passado. Em comparação com igual período de 2019 (23,9%), contudo, houve crescimento. Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes apresentou queda em abril, no comparativo mensal, passando de 10,2% do total, em março de 2020, para 9,9% em abril. Entretanto, o indicador havia alcançado 9,5% em abril do ano anterior.

“Os resultados mensais favoráveis em relação à inadimplência revelam que, apesar das dificuldades com a quarentena aplicada em diversos estados e cidades, as famílias estão conseguindo quitar os compromissos com empréstimos e financiamentos”, destaca a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

Em relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o mais apontado pelos brasileiros como a principal modalidade de endividamento: 77,6%. Carnês (17,5%) e financiamento de veículos (10,2%) também permanecem na segunda e terceira posições, respectivamente. “A proporção de dívida em cartão diminuiu novamente neste mês, enquanto as dívidas em carnês ganharam espaço na composição do endividamento. Também vêm se destacando o crédito consignado e o cheque especial”, ressalta a economista.

(*) Crédito da foto: Tumisu/Pixabay