O avanço da IA (inteligência artificial) dominou a agenda da indústria de viagens em 2025, com iniciativas surgindo em ritmo acelerado e em diferentes frentes. De soluções voltadas ao consumidor a ferramentas B2B, empresas de todos os portes tentam garantir presença nas plataformas baseadas na tecnologia. Esse movimento ganha impulso, principalmente, pelo maior conforto dos viajantes com o uso da solução no planejamento das próximas jornadas.
Pesquisa recente da Phocuswright Research mostra que 48% dos millennials e 42% da Geração Z estão mais dispostos a recorrer à IA para organizar viagens do que no ano anterior. Esse apetite crescente fortalece o ciclo de experimentação e abre espaço para novas ferramentas em todas as etapas da jornada.
Gigantes e startups
O levantamento How AI Is Reshaping Every Step of the Traveler Journey, do LIH (Lufthansa Innovation Hub), mapeou os casos de uso mais relevantes anunciados até agora em oito fases da experiência do viajante. O estudo percorre desde inspiração e planejamento até atividades no destino, reunindo exemplos de grandes players e novatos do setor.
Entre as companhias mais conhecidas, estão Expedia, que lançou um navegador empoderado com IA, e Booking.com, que passou a usar a tecnologia para interpretar a intenção do viajante. Ambas empresas também foram destacadas como parceiras iniciais no ecossistema de aplicativos anunciado pelo ChatGPT.
No campo do planejamento, o LIH cita desde o planejador de viagens com IA Mindtrip até o Google, que passou a usar o modelo Gemini para identificar locais a partir de capturas de tela enviadas pelo usuário.
Setores potencializados
A etapa de reservas também registra forte movimento. A Indigo, companhia aérea indiana, criou uma interface que permite pesquisar, comprar e gerenciar voos via chat, enquanto a Turkish Airlines apresentou um servidor MCP (Modern Context Protocol) que viabiliza o acesso de plataformas de IA a dados em tempo real.
Nos aeroportos, a Lufthansa aponta iniciativas focadas em reduzir fricções operacionais e apoiar passageiros durante interrupções. A United Airlines, por exemplo, envia notificações personalizadas por SMS e e-mail nessas situações. Já o Aeroporto de Frankfurt adotou scanners de segurança automatizados com IA para acelerar o fluxo nos terminais.
IA corporativa
Além das frentes voltadas ao consumidor, o estudo destaca avanços importantes no ambiente B2B. Na hotelaria, a Apaleo lançou um servidor MCP que permite a assistentes inteligentes executar tarefas como checar disponibilidade e alterar reservas. No setor de aluguel por temporada, a Boom apresentou o Business Agent Manager, agente capaz de tomar decisões automáticas em áreas como marketing, comunicação com hóspedes e relatórios financeiros.
O setor aéreo utiliza IA para otimizar rotas, aeronaves e processos de retomada durante irregularidades operacionais. A United também anunciou investimento e parceria com a Aiola, especializada em IA de voz e conversação, para aplicações que vão desde relatórios de manutenção até segurança.
Entre as iniciativas recentes, a Mirai lançou o Sarai, solução que possibilita buscas e reservas em linguagem natural, por texto ou voz, em diversos idiomas — parte de uma estratégia para criar um “ecossistema de vendas diretas”.
Protagonismo da IA
Ainda é cedo para prever quem liderará a transformação digital no turismo. Enquanto alguns executivos demonstram preocupação com o poder das OTAs e suas parcerias com plataformas de IA, outros enxergam vantagem para empresas que detêm o inventário, como companhias aéreas e hotéis.
O que já se sabe é que o ritmo de inovação não deve desacelerar. Novos modelos surgirão e a IA tende a impactar todos os elos da cadeia, de fornecedores diretos a intermediários e metabuscadores. Isso, na visão dos analistas, deve consolidar uma mudança estrutural no setor de viagens.
(*) Crédito da foto: Freepik
















