O ano passado foi marcado pelo desenvolvimento e implantação de medidas e protocolos de segurança em todo o mercado. E na hotelaria não foi diferente. Diante do cenário causado pela pandemia, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) teve um papel crucial no processo. Para entender como a entidade contribuiu com e elaborou as práticas aplicadas, o Hotelier News conversou com Antônio Carlos de Oliveira, diretor adjunto de Certificação da associação.

Engenheiro mecânico de formação e com MBA executivo pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Gerencial pela Universidade Bureau Veritas, em Paris, Oliveira, também possui qualificação como auditor pelo IRCA (International Register of Certification Bodies), Association Française pour L’Assurance de la Qualitè e American Society for Quality.

Sua carreira começou em 1975 como engenheiro vistoriador do departamento naval, na Bureau Veritas, empresa auditora de protocolos e parceira de muitos hotéis brasileiros. Exerceu cargos de adjunto do gerente de Departamento Industrial e Offshore, diretor geral do BVQI Brasil e diretor de Certificação de Produtos e Linha de Negócios.

Participou como gerente de Projeto da certificação das plataformas fixas de Enchova, Pargo I e II e Vermelho I, II e III, localizadas na Bacia de Campos. A certificação envolveu as atividades de fabricação de componentes, montagem de estruturas e módulos, controle de equipamentos e sistemas e atividades offshore de instalação.

Também contribuiu de forma ativa no desenvolvimento do processo de certificação sendo o gestor da implantação do BVQI Brasil e representante da América Latina, junto ao Comitê Gerencial da BVQI Holding.

Três perguntas para: Antônio Carlos de Oliveira

Hotelier News: Com a explosão rápida da pandemia no Brasil, hotéis precisaram se apressar para desenvolver protocolos. Como foi esse processo para a ABNT? De que forma a entidade criou as normas e certificações?

Antônio Carlos de Oliveira: Desde o início da pandemia, a ABNT procurou colaborar com as autoridades sanitárias, elaborando PRs (Práticas Recomendadas), que orientassem a população com relação à manutenção de condições seguras. Elaboramos um procedimento com a criação de um “Selo de Confiança”, com o intuito de avaliar se uma instalação está adequada aos protocolos estabelecidos pelas autoridades competentes. Esta avaliação propicia ao cliente/ usuário reconhecer que um determinado estabelecimento adotou medidas mitigatórias para enfrentar a pandemia.

HN: Estamos há quase um ano de pandemia e o setor parece ter se adaptado. Qual a sua visão da hotelaria diante do atual cenário? Os empreendimentos estão seguindo os protocolos devidamente?

ACO: Temos que considerar que a elaboração de protocolos de segurança estão vinculados às autoridades municipais, estaduais e federais. O setor hoteleiro enfrenta uma queda de sua taxa de ocupação motivada pela retração de turistas, pelo cancelamento de eventos, pela diminuição de viagens de negócios e pela redução de ofertas dos meios de deslocamento, terrestre ou aéreo. Ações preventivas são essenciais para a manutenção da taxa de ocupação da rede hoteleira e os empresários do setor entenderam que, diante deste cenário, a prevenção passou a ser essencial para o seu negócio. Podemos citar como exemplo a prefeitura de Salvador que, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, em um projeto pioneiro, contratou a ABNT para avaliar aproximadamente 600 estabelecimentos vinculados ao polo turístico da cidade em conformidade com protocolos elaborados pelo poder municipal, em consonância com as boas práticas sanitárias. Dentre estas organizações estão 200 hotéis.

HN: Você acredita que as certificações serão um legado da pandemia? Ou são apenas medidas transitórias?

ACO: Temos que considerar que possuímos programas de certificação de sistemas de gestão, processos e de produtos alinhados com as melhores práticas internacionais. A avaliação de protocolos de confiança adotados durante a pandemia são um conjunto de medidas extremamente necessárias para auxiliar no cuidado com a saúde, e deverão ser mantidas por tempo suficiente, até que esta situação tenha fim.

(*) Crédito da foto: Divulgação/ABNT