O mercado de short-term rental cresceu muito nos últimos anos. Em 2024, o surgimento da ABLT (Associação Brasil de Locação por Temporada) trouxe também a eleição de Pedro Pongelupe à presidência até 2026. Hoje, o executivo, que também é CEO da OZPED, dialoga diariamente que o mercado de aluguel de curto prazo tenha uma história longa por aqui.
Formado em Administração Pública pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), o executivo conta ainda com qualificações pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e Australian Pacific College.
Na seção Três perguntas para, Pongelupe trouxe sua opinião sobre melhorias para o STR, além das suas percepções sobre a relação com a hotelaria tradicional e seu trabalho à frente da ABLT e OZPED.
Três perguntas para: Pedro Pongelupe
Hotelier News: Na sua perspectiva, o que é necessário melhorar a curto e médio prazos no short-term rental? Por quê?
Pedro Pongelupe: A curto prazo, é essencial fortalecer o networking entre os players do setor, no sentido de buscar falarmos a mesma língua e promover um entendimento claro das regras que regem o negócio no Brasil. Isso traz mais segurança para o mercado e contribui para sua maturidade. Um exemplo disso é a atuação da ABLT, que tem sido um ponto de conexão entre anfitriões, plataformas e autoridades, ajudando a fomentar discussões importantes e fortalecer o setor.
Outro desafio importante é garantir que a locação por temporada seja uma experiência segura e confiável para todos que a utilizam. Isso exige um compromisso contínuo com a implementação de boas práticas, adoção de padrões de segurança e investimentos em tecnologia que protejam tanto anfitriões, quanto hóspedes.
Já a médio prazo, vejo o fortalecimento da ABLT como uma estratégia fundamental. Criar uma rede sólida de associados engajados aumenta o impacto das iniciativas e reforça a representatividade do setor perante o mercado e os órgãos reguladores. Além disso, é crucial investir na profissionalização, com capacitação contínua e adoção de tecnologias avançadas, como precificação dinâmica e ferramentas de gestão. Essas ações são essenciais para consolidar a confiança no setor e garantir seu crescimento sustentável.
HN: O diálogo entre o STR e a hotelaria tradicional pode realmente acontecer? Qual o futuro disso?
PP: Como presidente da ABLT, vejo um caminho promissor em que o setor hoteleiro e o short-term rental possam coexistir de forma complementar, e não como concorrentes. O aluguel por temporada pode ser apresentado ao setor hoteleiro como um produto secundário que o próprio setor poderia incorporar em suas estratégias para atender à alta demanda por esse tipo de acomodação.
Já vejo um movimento em Brasília de rede hoteleira criando a linha “STR”, inclusive convidando empresas do setor para atuar nos hotéis.
Se eu fosse diretor de alguma rede hoteleira no Brasil, não pensaria duas vezes em procurar empresas de short-term rental para, em conjunto, desenvolver produtos para o setor.
Um hotel não teria nada a perder ao abrir mais um “canal de vendas” por meio de empresas que fazem STR, obviamente respeitando as regras da locação por temporada no Brasil. Essa integração pode potencializar as vendas do próprio setor hoteleiro.
A ABLT está muito disposta a atuar como mediadora, promovendo diálogos construtivos e apresentando soluções que evidenciem as oportunidades de colaboração entre os dois segmentos. Eventos, workshops e cases de sucesso serão fundamentais para mostrar que a complementaridade é não apenas possível, mas altamente vantajosa para todos os envolvidos.
HN: No cenário do short-term rental no Brasil, o que você espera da ABLT e da OZPED? Como contribuir para a evolução da modalidade?
PP: Da ABLT, espero que continue sendo uma ponte entre anfitriões, governos e plataformas, promovendo iniciativas que profissionalizem o setor e ampliem sua representatividade. Já da OZPED, a meta é liderar pelo exemplo, implementando soluções inovadoras e sustentáveis, como a expansão planejada para Brasília.
A OZPED, recentemente, fechou parceria com uma empresa líder no setor de short-term rental em outra capital a fim de melhorar sua tecnologia e a experiência dos usuários. Essa iniciativa reflete a ideia de que companhias de aluguel por temporada no Brasil podem, em muitos casos, formar parcerias estratégicas, cada uma atuando nas suas áreas de força para criar sinergias que beneficiem o setor como um todo.
A contribuição vem, portanto, do compartilhamento de conhecimento, da adoção de tecnologias de ponta e da construção de colaborações estratégicas que ajudem a posicionar o Brasil como referência global em short-term rental.
Nenhuma empresa consegue dominar todas as competências e praças de um mercado novo e em altíssima expansão no Brasil. Unindo estratégias, o resultado pode ser mais eficaz. Nesse caso, o desafio maior seria cultivar diálogo e confiança entre os concorrentes para formar essas parcerias. É exatamente isso que a ABLT tem buscado promover.
(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal