A taxa de desemprego do Brasil foi de 5,6% no trimestre até setembro, renovando a mínima da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2012. O resultado ficou levemente abaixo do registrado nos três meses encerrados em junho, que servem de base de comparação. Segundo o instituto, o número de desempregados — pessoas que estão à procura de trabalho — foi estimado em 6 milhões até setembro, também o menor patamar observado pelo IBGE.
Os dados constam da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), levantamento divulgado hoje (31) que investiga tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Segundo o estudo, a população ocupada — pessoas que têm algum tipo de trabalho — foi calculada em 102,43 milhões até setembro, com variação positiva de 0,1% ante o trimestre encerrado em junho (mais 118 mil), mas dentro da margem de estabilidade da pesquisa.

Na entrevista coletiva de divulgação dos resultados, segundo a Folha de S. Paulo, Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, foi questionada se a marca de 5,6% seria uma espécie de piso para o desemprego, já que a taxa não conseguiu ficar abaixo desse nível até o momento. Em sua resposta, ela evitou cravar essa afirmação.
“É muito prematuro afirmar isso a essa altura do campeonato”, comentou Adriana. “Tem algumas mobilizações setoriais para dar conta de uma demanda de consumo que ainda virá”, acrescentou.
Dívida pública
No mesmo dia da divulgação dos dados da Pnad, o Banco Central (BC) informou que, em setembro, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 17,45 bilhões. O governo central teve rombo de R$ 14,94 bilhões, enquanto Estados e Municípios registraram déficit de R$ 3,5 bilhões. Já as estatais tiveram superávit de R$ 996 milhões.
Com os resultados de setembro, a dívida pública bruta do país, como proporção do PIB (Produto Interno Bruto), fechou o mês em 78,1%, contra 77,5% em agosto. A dívida líquida do setor público subiu de 64,2% para 64,8%.
Por que isso importa?
Os dois indicadores têm reflexo direto na confiança do consumidor e, consequentemente, no desempenho do setor de viagens e turismo. Uma taxa de desemprego historicamente baixa tende a impulsionar o consumo das famílias, já que mais pessoas com renda disponível se sentem seguras para gastar com lazer, deslocamentos e hospedagem. Esse movimento é especialmente relevante em períodos de alta temporada, quando a demanda doméstica representa a maior fatia das viagens no país.
Por outro lado, o aumento da dívida pública pode gerar pressões fiscais e influenciar as decisões de política monetária. Caso o governo precise ampliar o endividamento para cobrir despesas, o mercado tende a reagir com cautela, o que pode dificultar a queda dos juros e encarecer o crédito ao consumidor e às empresas. Em um setor sensível ao poder de compra, juros altos significam menos viagens parceladas, adiamento de planos de férias e menor apetite para investimentos hoteleiros e em infraestrutura turística.
(*) Crédito da foto: arquivo HN
(**) Crédito do infográfico: Folha de São Paulo















