quarta-feira, 27/agosto
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PIB avança 1,4% no 1º tri, mas juros ainda preocupam

A economia brasileira registrou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com os três últimos meses de 2024. O desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) foi divulgado hoje (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e veio praticamente em linha com as expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava para um avanço de 1,5%, segundo levantamento da Bloomberg.

O crescimento foi fortemente impulsionado pela agropecuária, que apresentou desempenho expressivo neste início de ano. Outro fator que colaborou para o resultado positivo do PIB foi a continuidade na geração de empregos e o fortalecimento da renda.

Com uma série de medidas de estímulo implementadas pelo governo federal, o mercado de trabalho se manteve aquecido, com destaque para o crescimento do número de vagas formais e aumento do consumo das famílias, aponta a Folha de São Paulo.

Esse desempenho ocorreu mesmo diante de um cenário de aperto monetário. A taxa Selic encerrou o trimestre em 14,25% ao ano e voltou a subir em maio, chegando a 14,75%, maior patamar em quase 20 anos. O BC (Banco Central) justificou o movimento como necessário para conter a inflação e preservar a credibilidade do sistema de metas.

Outros dados

Apesar do bom resultado, a perspectiva entre os economistas é de desaceleração do PIB nos próximos trimestres. A projeção leva em conta o arrefecimento do impacto positivo da agropecuária, a permanência de juros elevados, que encarecem o crédito para consumo e investimentos, e as incertezas no cenário internacional.

Nesse contexto, as projeções de crescimento para o ano variam. Segundo o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a expectativa mediana do mercado é de alta de 2,14% no PIB de 2025, abaixo do resultado obtido em 2024. Já a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda é mais otimista, com previsão de expansão de 2,4% para o ano.

O cenário político-eleitoral também começa a entrar no radar dos analistas. Com as eleições presidenciais marcadas para 2026, há dúvidas sobre o grau de estímulo econômico que o governo Lula estará disposto a adotar para manter o crescimento da atividade nos próximos trimestres.

No exterior, a economia brasileira também enfrenta desafios. A guerra comercial aberta pelos Estados Unidos, sob nova gestão de Donald Trump, adiciona volatilidade ao comércio internacional e pode afetar cadeias produtivas e exportações brasileiras — especialmente do agronegócio, setor chave no atual ciclo de crescimento.

Ainda assim, o primeiro trimestre de 2025 indica uma economia em movimento, impulsionada por setores estratégicos e sustentada por uma combinação de fatores internos. A trajetória ao longo do ano dependerá da manutenção da confiança de consumidores e empresários, da evolução da política monetária e do ambiente internacional.

(*) Crédito da foto: Divulgação