* Matéria atualizada às 18h09, de 21/01/20

Em 2019, a hotelaria nacional manteve sua trajetória de recuperação, após o recrudescimento da crise econômica no país, a partir de 2015. A retomada da ocupação nos hotéis do país, iniciada no final de 2017, consolidou-se no ano passado, abrindo caminho para o início do restabelecimento de uma base tarifária mais coerente, em movimento puxado pela região Sudeste. A conclusão pode ser tirada do último InFOHB de 2019, obtido com exclusividade pelo Hotelier News.

Segundo o estudo mensal do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), os hotéis associados encerram 2019 com alta nos três principais indicadores do setor. Enquanto a ocupação avançou 4,1% (60,4%) frente a 2018, diária média e RevPar subiram 6,5% (R$ 237,69) e 10,9% (R$ 143,60), respectivamente. A região Sudeste foi o principal destaque, liderando o crescimento em dois dos índices (ocupação e RevPar) e registrando a segunda maior alta no outro (RevPar).

“O cenário do setor é muito parecido com o que vivemos em nossa própria empresa”, afirma Alexandre Gehlen, presidente do FOHB e CEO da Intercity Hotéis, que divulgou números do exercício 2019 hoje (21). “Ou seja, conseguimos retomar preço, mas ainda estamos longe do patamar que o mercado pode atingir. O setor precisa recuperar valor o referencial da diária média e, com a recuperação econômica ganhando corpo, acho que a hora é agora”, completa.

InFOHB: análise regional

Na análise por praças, fica claro que São Paulo já vive atualmente o que o mercado deverá perseguir ao longo do ano. Trocando em miúdos, o crescimento da hotelaria paulista em 2019 se pautou muito mais pela diária média do que qualquer outra coisa. Segundo o FOHB, a capital paulista teve leve incremento de ocupação (+1,2%, para 65,8%), mas viu a base tarifária avançar 11,4% (para R$ 323,49). Com isso, a cidade registrou expansão de dois dígitos no RevPar (+12,7%, para R$ 213,16).

No Brasil, apenas Belo Horizonte obteve performance parecida, indicando uma retomada mais sustentável da hotelaria local. Salvador e Brasília, em patamares mais baixos, também registraram desempenho similar, ou seja, com recuperação de preço superior à demanda, o que dá mais otimismo aos dois mercados.

Em outra fase de retomada, o Rio de Janeiro, após anos muito difíceis marcados por queda de demanda e sobreoferta, começa colocar as coisas no eixo. A Cidade Maravilhosa registrou a terceira maior alta de RevPar (+21,4%, para R$ 163,72), muito em função do avanço de 16,8% (para 62,5%) na ocupação – maior crescimento do indicador entre as praças analisadas. Prova disso é que a diária média subiu “apenas” 3,9% (para R$ 261,78). Vale destacar que capital fluminense historicamente teve as tarifas mais altas do Brasil, posto perdido para São Paulo. Chegou a hora da retomada?

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Alfredo Lopes, presidente da Hotéis Rio, vê como difícil a possibilidade de uma alta expressiva da diária média da cidade em 2020. Ainda assim, acredita na continuidade do processo de recuperação do Rio de Janeiro e destaca o desempenho recente. "O Rio tem uma hotelaria independente vasta, o que deixa os números do FOHB um pouco distantes da realidade, embora seja um bom balizador. No ano passado, os hotéis cariocas conseguiram subir a diária média entre 6% a 8%. O Revéillon foi excelente, com expansão tanto de tarifa, quanto de demanda, sendo a primeira na casa de 8%", revela o dirigente. "Já a ocupação em 2019 avançou bastante, com crescimento mês a mês na comparação com 2018", acrescenta.

Dessa forma, Lopes acredita que o Rio deverá registrar alta nas tarifas similar a de 2019. "Como a oferta ficará estável em 2020, acho que dá para chegar nessa estimativa. Há bons sinais acontecendo, como a retomada do setor de Petróleo & Gás, que movimenta bastante o segmento corporativo. Mesmo sem Rock in Rio, que foi muito bom para o setor no ano passado, o calendário de eventos nos deixa otimistas, especialmente da área médica. Além disso, o Rio sediará o Congresso Mundial de Arquitetos, que é um mega evento", comenta. "Em paralelo, vemos um maior interesse de investidores pela compra de hotéis, coisa que não existiu nos anos anteriores", acrescenta.

InFOHB - resultados de 2019_Orlando de SouzaSouza se diz alinhado com as projeções feitas pela HotelInvest para 2020 

Projeções 2020

Orlando de Souza, diretor executivo do FOHB, revela que a entidade só divulgará oficialmente estimativas para 2020 em fevereiro. No entanto, questionado pela reportagem, sinalizou que a entidade perojeta um cenário bem parecido com o traçado pela HotelInvest em recente documento.

“Estamos bastante em linha com as projeções da HotelInvest, até por sermos parceiros da empresa na produção do estudo Panorama da Hotelaria”, diz Souza. “Dessa forma, imaginamos que se houver pouca expansão de oferta, a ocupação crescerá de 3% a 5%. Neste cenário, diante do momento da economia, a diária média poderá crescer em dois dígitos”, aposta.

(*) Crédito da capa: Mara Conan Design/Unsplash

(**) Crédito da foto: Arquivo HN