Fábio Adriano- gtres perguntasFábio: estou otimista e acredito que a retomada será muito mais rápida do que imaginamos

A região Sul foi a primeira a anunciar a flexibilização da quarentena e o setor hoteleiro tem colhido bons frutos das mudanças. Em Gramado, por exemplo, muitos turistas e moradores já circulam pelas ruas. Com forte atuação nos estados sulistas, a CHA Hotéis comemora índices de ocupação que há algumas semanas atrás pareciam impossíveis.

CEO e sócio da rede, Fábio Adriano assumiu o lugar antes ocupado por Geraldo Linzmeyer. Convidado pelo Hotelier News para participar da série Três perguntas para, o executivo se mostrou um dos mais otimistas que entrevistamos até então. E não é para menos, a CHA chegou a atingir 40% de ocupação, com uma média que vem se mantendo na casa dos 22%. 

Bacharel em Ciência da Computação, em Administração de Empresas e pós-graduado em Gestão de Pessoas e Negócios,Fábio atuou por muitos anos no setor de tecnologia. Foi gerente nacional e diretor comercial da CMNET Soluções; sócio e CEO da Check-In Informatica; consultor de Hospitality da Sanhkya e sócio e diretor comercial da Capere – startup de tecnologia para hotelaria.

Três perguntas para: Fábio Adriano

Hotelier News: A CHA Hotéis tem forte atuação na região Sul. Como você vê a recuperação do setor nestas praças? Quais as perspectivas de retomada do turismo?

Fábio Adriano: A recuperação na região Sul está muito mais acentuada, vindo em uma crescente importante. Vejo que até mesmo em função da estrutura a pandemia está um pouco mais controlada e os três governadores têm uma atuação interessante, então conseguimos ter uma economia girando e retomando com mais velocidade. Especificamente em nosso caso, que temos muitos hotéis na região, a recuperação vem surpreendendo. Tivemos dias de ocupação na casa dos 40%, chegando a 47%, mas a média se mantém da ordem de 22%, 23%. 

Sobre a retomada do turismo, da mesma forma, creio que pela capacidade rodoviária, pela proximidade com São Paulo, em especial Santa Catarina, o retorno será mais rápido do que o Nordeste, por exemplo. No feriado passado, Florianópolis bateu recorde de turistas, então isso mostra um pouco da capacidade do destino e até mesmo o Rio Grande do Sul tivemos um fluxo muito interessante. Acredito que a retomada será mais rápida, com turistas viajando de carro e do ponto de vista de prazos acontecerá antes do que imaginamos

HN: Quais os segmentos que a rede vem apostando como impulsionadores na volta das atividades? Como estão trabalhando a relação com clientes e parceiros?

FA: Estamos apostando em logística, existe um movimento muito forte neste segmento, assim como de tecnologia, com muitas empresas hospedando técnicos. Estamos indo na linha dos representantes e nosso público, que já é voltado ao business, viaja de carro, o que está facilitando demais a retomada para que a gente consiga manter uma ocupação mínima. 

Sobre clientes e parceiros, estamos visitando constantemente quem conseguimos, entrando em contato, mandando uma série de informações para ter a certeza de que quando eles retomarem nós seremos lembrados. Estamos conversando com agências, operadoras, empresas e grupos, além de contato com o poder público, participando de reuniões de conventions, estreitando relações para que possamos sempre estar na mesa das empresas parceiras.

HN: Sua expectativa para 2020 é otimista? Qual será o legado da rede no pós-pandemia?

FA: Estou muito otimista para 2020, acredito que algum tratamento para a Covid-19 vai aparecer nos próximos 60 dias e com isso tudo será amenizado. A vacina pode demorar um pouco mais, mas também vai acontecer. Vamos aprender a lidar com a pandemia, não vejo outra forma, mas este ano, principalmente a partir de setembro, acredito que conseguiremos ter uma retomada forte, pois já temos indicadores interessantes do mercado financeiro. O pior já passou do ponto de vista econômico e quem conseguir aproveitar esse equilíbrio de custo x faturamento vai ter um resultado muito bom em 2020. 

O legado da CHA no pós-pandemia é que podemos mais com menos. Nós já éramos uma rede muito enxuta no ponto de vista de custos e agora enxugamos mais ainda. Mantivemos o quadro e praticamente não demitimos pessoas, não reduzimos salários e buscamos valorizar os colaboradores e o esforço deles. Entendemos que pelo risco e pela exposição nós tínhamos que fazer a nossa parte. Está sendo uma situação bem complexa financeiramente falando, mas estamos conseguindo honrar o nosso compromisso com muito sacrifício, mas sempre pensando nas pessoas. Descobrimos que podemos sair de situações difíceis com criatividade, inovar, que nada mais é do que fazer a mesma coisa com menor tempo e custo sem mudar o serviço.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal