A EEA (Energy & Environment Alliance), coalizão internacional que reúne membros representando mais de 50 mil hotéi e £360 bilhões em capital de hospitalidade e imóveis — entre eles a BLTA (Brazilian Luxury Travel Association) — lançou hoje (21) uma consulta global para definir os primeiros padrões de reporte de sustentabilidade financeira do setor hoteleiro e de hospedagem.
A iniciativa é conduzida pela Força-Tarefa da EEA sobre Padrões de Reporte de Sustentabilidade em Hotéis e Hospedagem, em colaboração com a King’s Business School, e busca criar parâmetros de divulgação com credibilidade de auditoria. A proposta é oferecer a investidores, gestores de ativos, credores e operadores dados confiáveis para avaliar riscos, desempenho e valor de longo prazo dos empreendimentos.
“O desempenho em sustentabilidade agora impacta diretamente como os ativos são financiados, segurados e avaliados”, afirmou Ufi Ibrahim, fundadora e CEO da EEA. “A questão para o nosso setor não é mais se devemos divulgar — mas como fazê-lo de maneira comercialmente inteligente, credível e comparável entre mercados. Esta consulta está moldando o futuro do setor.”
Nova infraestrutura financeira para a hospitalidade
Os padrões propostos têm como base o IFRS S1 e S2, nova referência global para reporte de sustentabilidade, já adotada ou em discussão em mais de 30 economias, incluindo Austrália, Brasil, Canadá, União Europeia, Índia, Japão, Singapura, África do Sul e Reino Unido.
Esses referenciais exigem que as empresas divulguem informações de sustentabilidade com o mesmo rigor e garantia dos dados financeiros, abrangendo temas como emissões, resiliência e planos de transição, além de fatores que afetam fluxos de caixa, custo de capital e valor de longo prazo.
Para um setor altamente intensivo em capital e vulnerável às mudanças climáticas, a transparência é considerada fundamental. Dados consistentes e comparáveis já influenciam como projetos são financiados, seguros precificados e riscos avaliados por investidores.
“Nossa pesquisa mostra que a ausência de métricas claras e específicas do setor impede que os investidores precifiquem o risco de sustentabilidade com confiança”, destacou o professor Marc Lepere, chefe de ESG e Sustentabilidade da King’s Business School. “Os padrões propostos traduzem as regras globais de relatórios em uma linguagem financeira compreendida pelos mercados de capitais, conectando diretamente o desempenho em sustentabilidade ao valor da empresa.”
Participação latino-americana e relevância para o Brasil
Para Camilla Barretto, CEO da BLTA, o setor de hospitalidade está ligado à riqueza natural e cultural do Brasil. Com a entrada da entidade no movimento de consulta global, a executiva afirma que é possível garantir que mercados emergentes como o brasileiro tenham voz na definição de padrões que orientarão o investimento e o crescimento do setor. “Esse esforço assegura que a voz da América Latina seja ouvida na agenda global de sustentabilidade e relatórios da hospitalidade”, diz executiva.
“O setor de hospitalidade nos Estados Unidos e na Índia vive um momento decisivo, com as expectativas dos investidores e as demandas dos hóspedes mudando mais rápido do que nunca”, observou Laura Lee Blake, presidente e CEO da Asian American Hotel Owners Association. “Participar desta consulta global com a EEA garante que os proprietários de hotéis em ambos os mercados tenham acesso a capital, atendam às demandas de transparência e possam competir em um cenário verdadeiramente global.”
“Para as marcas hoteleiras que atuam nos Estados Unidos e em todo o mundo, a sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma prioridade central”, acrescentou Rosanna Maietta, presidente e CEO da AHLA (American Hotel & Lodging Association). “Não basta mais contar uma história, precisamos garantir que nossas divulgações sejam tão robustas e confiáveis quanto nossas demonstrações financeiras. A consulta da EEA é um marco significativo: ela nos dá a oportunidade de ajudar a definir o padrão pelo qual a sustentabilidade será medida.”
Um convite para moldar os padrões do futuro
A consulta global convida investidores, proprietários, gestores de ativos, operadores, credores, incorporadores e seguradoras da indústria hoteleira a contribuir com feedback sobre o quadro proposto. As contribuições ajudarão a aperfeiçoar as métricas e divulgações que formarão a base dos padrões finais, a serem submetidos à Fundação IFRS (International Financial Reporting Standards Foundation) em 2026.
A consulta estará aberta até 28 de fevereiro de 2026. Mais informações e contribuições podem ser enviadas pelo site oficial.
(*) Crédito da foto: Freepik















