linha de créditoFinanciamentos serão válidos por até cinco anos

O governo federal deu indícios de uma luz no fim do túnel para as companhias aéreas. Fortemente afetadas pela crise e com forte redução de demanda e de malha aérea, as empresas devem ser beneficiadas com um plano de socorro de ao menos R$ 48 bilhões em linhas de crédito, desenvolvido em parceria com bancos privados, fundos de investimentos e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Segundo informações da Folha de São Paulo, empresas de energia e grandes varejistas também serão contempladas com o auxílio, enquanto a hotelaria ainda aguarda por ajuda individualizada. Os financiamentos serão concedidos à empresas que têm ações negociadas na Bolsa instrumentos de dívidas conversíveis em ações. Resumindo, os bancos poderiam abocanhar uma fatia das companhias caso elas não venham a ter condições de pagar os empréstimos no prazo estipulado. 

As principais empresas aéreas no país (Gol, Azul, Latam e Passaredo) negociam algo em torno de R$ 8 bilhões. A reportagem da Folha, citando bancos como fontes, relata que as companhias do setor podem estar queimando até R$ 100 milhões em caixa diariamente. 

John Rodgerson, presidente da Azul, cobrou o governo a concessão de benefícios, como foi feito nos Estados Unidos pelo presidente Donald Trump.“Não podemos ter desvantagem mundialmente só porque estamos no Brasil”, disse ele durante conversa com investidores pela internet. Com a entrada dos bancos privados na história (Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander), as empresas esperam que seja, enfim, possível a liberação dos empréstimos.

Para o setor aéreo, os financiamentos seriam válidos por até cinco anos, com juros de 6% ao ano, além de um ano de carência. Atualmente, a taxa básica de juros está em 3,75% ao ano. Caso as empresas não conseguirem quitar a dívida, o valor remanescente será convertido em ações e transferidas ao BNDES.

Apesar dos esforços do governo em apoiar alguns setores, Sérgio Rial, presidente do Santander, destacou que nem todos poderão ser salvos pelos bancos e pelo poder público. “Não temos condições de ajudar todos os setores que estão precisando”, afirmou.

Linha de crédito: hotelaria em desamparo

Mesmo com inúmeros pedidos de socorro, o setor hoteleiro segue desamparado pelo governo. É fato que, com as medidas anunciadas nas últimas semanas, o segmento conseguiu aliviar alguns pontos críticos, como questões trabalhistas, cancelamentos e adiamentos de reservas. 

Em live promovida pelo Hotelier News em parceria com o Grupo R1 esta semana, CEOs de redes nacionais destacaram a importância de linhas de crédito facilitadas para a hotelaria. Roberto Bertino, CEO da Nobile Hotéis, destacou que o governo precisa oferecer alternativas nas duas pontas para estimular o turismo: hoteleiros e consumidores.

“No meu entendimento o governo tem um papel principal nesta história. O grande problema que vamos enfrentar é de crédito. Os bancos já estão adotando medidas de restrição ao crédito, elevando as exigências para conceder. Então ou o governo adota medidas e cria mecanismos para que a volta ao crédito aconteça de forma ágil e rápido se não não vamos ter pessoas viajando”.

Complementando a fala Paulo Roberto Caputo, da Átrio Hotéis, ainda reforçou que é preciso seguir buscando ajuda segmentada. "O crédito realmente vai ser muito complicado porque se você olhar a crise, o setor de viagens é o mais afetado. Se um banco emprestar dinheiro para um hotel, não haver as garantias financeiras exigidas. Temos que continuar lutando por uma MP setorial, uma ajuda mais cirúrgica". 

(*) Crédito da foto: snowjam/Unsplash