O mercado global de STR (short-term rental) vive um novo ciclo de expansão, agregando receitas alternativas e redefinindo o que antes era apenas um meio de hospedagem mais barato e flexível. No centro deste movimento, está o avanço das categorias de alto padrão como opções que agregam valor aos portfólios das operadoras e elevam o segmento a um novo patamar de concorrência.
A busca por experiências exclusivas, ambientes personalizados e maior conexão com o destino são alguns dos pontos que impulsionam um STR cada vez mais luxuoso e distinto de sua origem. Na prática, além de estadas econômicas, o segmento é visto pelos hóspedes como um local de curadoria, identidade, tecnologia e profissionalização.
A visão é compartilhada por três executivos que atuam no setor. Para eles, é consensual que o quarteto de características citadas acima se tornou o diferencial competitivo do STR de luxo.
Para Alexandre Frankel, fundador e CEO da Housi, empresa que está se desenvolvendo no segmento de luxo, o STR cresce de forma acelerada e ainda há muito espaço para escalar. “O luxo atual não está em comprar mais, mas sim em ter mais tempo e praticidade para aproveitar a vida. O short-term rental, na minha opinião, é o formato que melhor traduz essa mentalidade”, explica.

Na mesma linha, Sérgio Rebouças, sócio fundador e COO da Quarto à Vista, crê que o avanço do setor está empurrando o mercado para outro patamar. “O aluguel de curta temporada está se aproximando da hotelaria e do setor de luxo como um todo. Isso exige que dois pontos sejam fortalecidos nas operações: profissionalização e serviços agregados. Aqueles que competem apenas com o preço tendem a desaparecer”, diz.
Segundo Francisco Oliveira, diretor de Operações da Roomo Transamerica, marca STR da Atlantica Hospitality International, o crescimento no luxo reflete uma tendência global da hospitalidade. “Cada vez mais, o viajante busca experiências mais completas, personalizadas e conectadas às suas motivações. No médio e longo prazo, esse movimento tende a se consolidar, impulsionado por gestores profissionais e maior integração entre hospitalidade e moradia”, complementa.
Viajante, valor e experiência
No STR premium, o público não se define apenas pelo poder aquisitivo, mas pelo estilo de vida. De acordo com os executivos, esse perfil de hóspede é exigente, conectado e valoriza praticidade, design, serviço e impacto positivo. Na maneira mais empírica e filosófica, ele busca locais que traduzem sua forma de viver, não apenas uma cama para se deitar.
Em uma análise mais básica, é possível dizer até mesmo que este hóspede é o mesmo que frequentava exclusivamente hotéis cinco estrelas. Agora, com a pulverização dos formatos de meios de hospedagem, ele enxerga o STR de alto padrão como opção para manter o mesmo nível de conforto, mas com mais privacidade, flexibilidade e exclusividade.
O bleisure, com famílias e viajantes que combinas trabalho e lazer, também ocupa um espaço importante nesta categoria de short-term rental.
Conforto de hotel e alma de casa
A análise com base na fala dos três especialistas é de que as fronteiras entre hotel de luxo, branded residence e STR premium estão cada vez mais tênues. Frankel observa que os formatos se complementam, já que o hotel entrega eficiência e previsibilidade, enquanto o STR oferece personalização e pertencimento. O desafio é envelopar os dois mundos em um único produto.
Para Rebouças, a diferença está na forma de viver a experiência, já que, por um lado, o hotel de luxo oferece conforto e atendimento impecável, mas as branded residences proporcionam uma vivência privada e autêntica, permitindo que o hóspede se sinta em sua própria casa. A semelhança está no fato de ambos modelos compartilharem do padrão de qualidade e curadoria de design.

Oliveira reforça que a integração entre moradia e hospitalidade já é realidade no portfólio da Atlantica, mencionando as bandeiras Roomo Transamerica e o Radisson Serviced Apartments. Estas, por sua vez, oferecem serviços equivalentes aos de um hotel de alto padrão, com segurança e conveniência.
Pilares do “novo luxo”
A entrada de gestores profissionais tem sido determinante para elevar o padrão de hospitalidade no STR, diferenciando atores amadores de ecossistemas sustentáveis e escaláveis. Com isso, governança e consistência de entrega são dois pilares da profissionalização, resultando em mais rentabilidade para o investidor e encantamento para o hóspede.
A gestão em escala cobra por um nível maior de exigência. Com inspiração em práticas hoteleiras, os players profissionais se balizam também em tecnologia, padronização, manutenção preventiva e curadoria de experiência. É dessa forma que hospitalidade e lifestyle são vendidas sob o mesmo rótulo.
Outro ponto visando padronização e eficiência é a capacitação constante. Treinamentos, monitoramento de operação e atenção ao hóspede asseguram a experiência premium que é propagada. A busca aqui é por consolidar a confiança do cliente na marca e elevar o padrão do STR de maneira geral.
Tudo isso para, no final, não ter a marca refém de preço e localização. A ideia é que a experiência em si compense um valor maior desembolsado e que o imóvel se transforme, por si só, em um destino.

O futuro
O avanço do STR de luxo aponta para um mercado cada vez mais maduro, com modelos de gestão profissionalizados e foco em experiência, design e personalização. O fortalecimento de novos players nesta seara também é uma tendência natural, impulsionada pela demanda crescente por marcas confiáveis.
O caminho é a consolidação, com domínio dos operadores de grande porte e liderança de quem tiver estrutura, capital e conhecimento para entregar detalhes. A conclusão é de que o futuro pertence a quem conseguir equilibrar tecnologia, hospitalidade, curadoria e fluidez.
(*) Crédito da capa: Freepik
(*) Crédito das fotos: Arquivo pessoal















