Inteligência artificial, coworking, coliving e múltiplas opções de meios de hospedagens. Fazer futurismos faz parte de qualquer segmento atualmente, com o objetivo de traçar tendências. Na live de hoje (14), o Hotelier News e Grupo R1 convidaram especialistas no setor para darem seus palpites de como será a hotelaria do futuro após tantas mudanças catalisadas pela pandemia e pela transformação digital.

Juntaram-se a Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News e moderador do debate, Gabriela Otto (GO Consultoria); Ricardo Roman Jr (ABIH-SP) e Sergio Assis (Migro) para comentar quais os rumos que o setor de hospedagens está tomando, o que fica e o que se perpetuará nos anos que virão.

Com tantas opções à disposição do cliente, seja na hotelaria ou em aluguéis de casas, a tendência do mercado é se tornar ainda mais pulverizado? O questionamento abriu o debate desta quarta-feira, com uma resposta unânime. “Temos que enxergar que a hotelaria está inserida no setor imobiliário. Logo, é preciso olhar também para fora da nossa indústria e ver o que está acontecendo quanto a essas movimentações. Existem incorporadoras lançando conceitos de prédios com novas linguagens e baixo custo condominial. Hoje o cliente tem muitas opções”, comentou Assis.

Para Gabriela Otto, a pulverização é também fruto da chegada de investidores mais generalistas ao mercado. “Na hotelaria, cerca de 70% são investidores plurais, e isso pode ser algo bom. Nosso segmento é consolidável e tem fácil entrada, por isso vemos tantos players. Porém, o papel integrador será mantido e vai crescer. Temos interações de experiência, pessoas, culturas, espaços e processos. Os profissionais estarão concentrados em outras coisas além de espaços físicos e ativos imobiliários”.

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Especialistas apostam na chegada de grandes players de tecnologia para a indústria de hospedagem

Hotelaria do futuro: projetos integrados

Movimentação crescente no mercado, hotéis com espaços integrados são cada vez mais comuns. Coworkings, colivings e room offices são apenas exemplos do uso de áreas comuns e UHs que se proliferam com rapidez no setor. Segundo o presidente da ABIH-SP, essas tendências já existiam no pré-pandemia e devem crescer ainda mais. “Tem mercado para todo mundo. Cada hoteleiro deve procurar seu público. Muitas redes têm projetos que visam à integração de espaços, com marcas que conversam com as novas gerações. Entretanto, a hotelaria tradicional não vai morrer, pois os conservadores ainda existem”.

O CEO da Migro complementa destacando os benefícios de complexos multiuso. “É importante na questão de rateio de custos. Para um escritório ou hotel assumir os gastos operacionais e do empreendimento, ter esse uso misto deve avançar bastante. Acredito que essas ferramentas estão surgindo com a proposta de trazer também mais experiência para o cliente, ser mais impactante e chamar mais atenção”.

A atuação em nichos também vem como um divisor de águas, com o apoio da personalização de produtos e serviços. A presidente da HSMAI enxerga a tendência com bons olhos, como forma de movimentar a hotelaria a sair do lugar comum. “Nichos existem em todas as indústrias e isso já vem acontecendo há algum tempo. Hoje temos agências exclusivas, concierges especializados e clientes dispostos a pagar por esse serviço. Não dá mais para colocar produtos no mercado que sejam mais do mesmo”.

Hotelaria digital

Que a tecnologia terá um papel fundamental no futuro não é nenhuma novidade. Grandes players do digital estão penetrando o mercado de viagens ano a ano, como aconteceu recentemente com o lançamento do Rappi Travel, que chega para concorrer diretamente com as principais OTAs. Roman acredita que, em breve, acionistas recorrerão à hotelaria para consolidar ainda mais sua base de dados. “Essas empresas não sabem o que o cliente diz no balcão e isso tem muito valor. Se os hotéis souberem capitalizar essa informação, teremos grandes mudanças”.

Já Gabriela afirma que a automatização acontecerá em muitos setores, como suporte, por exemplo. Porém, ela prevê que também haverá um caminho inverso, de maior humanização, com contato direto entre hóspedes e colaboradores. “Passamos por uma fase onde tudo tinha que ser touch e vamos chegar na fase do no touch”.

Para finalizar, Assis aposta na chegada de mais gigantes da tecnologia, como a Amazon, ao mercado de turismo, ameaçando a soberania das OTAs. “São marcas que já possuem uma reputação absurda e devem levar uma grande fatia do mercado. Se entrarem com força podem liderar e ameaçar plataformas consolidadas no mercado”.

Para assistir a live completa acesse o link.

(*) Crédito da capa: tav004/Unsplash

(**) Crédito da foto: reprodução da internet